domingo, 4 de outubro de 2015

Maioria clara

 
Desvanecida a dúvida sobre qual a força política que obteria mais votos e mais mandatos, tendo a Coligação PSD/CDS vencido com uma maioria clara, o Presidente da República deverá convidar Pedro Passos Coelho a formar Governo e dar posse a um Executivo da Coligação, aquele que será o XX Governo Constitucional.

É claro que um Governo que não tenha um suporte na Assembleia da República de mais de metade dos deputados (115 em 230) tem que estar predisposto a dialogar mais e melhor com os diversos Grupos Parlamentares. Vai exigir-se, pois, uma cultura democrática de maior maturidade e mais responsabilidade ao novo Governo.

Maior maturidade e mais responsabilidade irão exigir-se também à Oposição. Sobretudo ao PS, sobre o qual passa agora a recair o maior ónus da estabilidade política em Portugal. Comprovou-se esta noite que António Costa cometeu o erro de se encostar demasiado à esquerda e, com isso, cavar mais funda a derrota socialista face as expectativas pré-eleitorais.

Também já vimos esta noite que tanto o BE (reforçadíssimo) como a CDU não vão deixar passar o novo Governo no Parlamento. Perante tamanho tenaz, o PS tem nesta altura uma soberba oportunidade para se reinventar e preparar o papel que quer assumir no xadrez político nacional. É que o tempo é breve, o País vai continuar a enfrentar problemas gravíssimos e os portugueses não merecem ficar sem uma alternativa credível, sob pena do nosso sistema de partidos, há muito agonizante, expirar.

A História tem destas ironias. Quando tudo faria supor que, após 4 anos tremendos, o PSD teria de se refundar, eis que surge um facto que muda a História e convoca o PS a fazê-lo primeiro. Em todo o caso, sempre se diga que os portugueses também não deixaram de enviar uma mensagem de aviso a Coligação, apesar da oportunidade concedida. É que agora, sem o Programa da Troika para executar, tiraremos a limpo qual o autêntico rumo que a PAF tem para Portugal.