quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Sistema bloqueado

 
Nos últimos dias, a propósito de António Costa ter furado as fronteiras tradicionais do chamado "arco da governação", muito tem sido dito sobre esta nova "frente de esquerda". Representa, diz-se, uma mudança sistémica do quadro político-partidário.
 
Ora, se tal fenómeno constitui interessante matéria de análise e debate, podemos também entrever outro, até aqui pouco falado, que não será menos importante e talvez com idênticas condições de se concretizar:
 
A constituição, à direita do PS e à esquerda da PAF, de um grupo parlamentar formado por deputados independentes.
 
Esse grupo tomaria o lugar do centro e seria agora o novo garante da estabilidade política. Mediante acordos de incidência parlamentar com o Governo, através de diálogo construtivo e verdadeiro espírito de compromisso, em função dos superiores interesses nacionais.
 
Que soberba altura, esta, para que uma força charneira dessa natureza interviesse na mudança do sistema por dentro!
 
Honrar os compromissos internacionais e inaugurar uma nova cultura democrática, humanista, personalista e reformadora, seriam os principais eixos dessa acção.
 
Tremenda é, pois, a responsabilidade de um punhado de deputados, a quem cabe interpretar com liberdade o mandato que lhes foi confiado. Outra "hora H" não terão para acertar o passo com a História e furar a obstrução sistémica em que António Costa todos atolou.