domingo, 3 de abril de 2016

Coroa de Espinho

Numa palavra, em Espinho, o Congresso do PSD está a ser de prazos e tácticas. Passos Coelho dá um ano de prazo ao Governo e ao PR. O PSD dá um ano de prazo a Passos. Isto, com as autárquicas no calendário.
 
Lá dentro, nada de novo. Esboço-se o "remake" daquilo que aconteceu há 20 anos, na JSD. A sucessão de Passos. De um lado, Jorge Moreira da Silva e outros. Do outro, os opositores de antanho: Pedro Duarte, José Eduardo Martins e outros. Curiosamente, outra vez, uns e outros, em tempo de fastio de poder, sob a batuta de Marcelo Rebelo de Sousa.
 
A táctica sobrepõe-se à convicção. Social-democracia, todos enchem a boca com a ideologia, mas é mais espuma que conteúdo. Discutem-se nomes, presenças, ausências, e putativos candidatos. Especula-se. É a vitória dos bitaites e das tribos.
 
É "poucochinho". Parece não haver quem ali apresente um modelo capaz de tirar o País da "geringonça" e propor aos portugueses um modelo que dê resposta a questões muito simples:
Social e economicamente, como é que vamos viver? Como vamos garantir a nossa identidade, enquanto comunidade nacional? Como é que Portugal deve colocar-se perante a Europa e o Mundo?
 
Não se trata de reinventar nada. Trata-se da refundar o sistema constitucional e político-partidário, criar um modelo económico-social novo, apontar para uma ideia de cultura própria, nossa, e convocar todos a dar mais e melhor à causa pública.
 
Até lá, este Congresso do PSD, continua a ser, para além da Troika e da saída de cena de Cavaco Silva, uma coroa de Espinho.
 
P.S.
Este post foi escrito ontem à tarde, antes da intervenção de Pedro Santana Lopes que, com rasgo e elevação, foi a "alma" do Congresso, metendo os pontos nos is. 
Antes também da intervenção final de Passos Coelho, já hoje, em que fez um discurso alto nível, parecendo ter acertado o passo enquanto líder da oposição.