segunda-feira, 31 de outubro de 2011

É na Terra, Não é na Lua

"É na Terra, Não é na Lua", o inclassificável documentário/diário/filme-ensaio de Gonçalo Tocha sobre a ilha açoriana do Corvo, ganhou o prémio máximo do DocLisboa 2011, o Grande Prémio Cidade de Lisboa para melhor longa ou média-metragem, atribuído pelo júri presidido pelo historiador Peter von Bagh. O palmarés foi anunciado na noite de sábado na sessão oficial de encerramento do certame antes da projecção de "Photographic Memory", de Ross McElwee.
Fonte: Público, 29.10.201 

domingo, 30 de outubro de 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

Poderes de facto

 Carlos Moreno, Leya, Novembro de 2010

Massimo Ciancimino e Francesco La Licata, Livros D´Hoje, Fevereiro de 2011

Li pela ordem inversa à da sua publicação.

Primeiro, o «Dom Vito», contado por Massimo, filho de Vito Ciancimino, figura poderosa em Palermo durante a segunda metade do Século XX, a quem chamavam Dom Corleone, por ser oriundo da localidade siciliana com o mesmo nome.

Depois, o «Como o Estado gasta o nosso dinheiro», de Carlos Moreno, Juiz Jubilado do Tribunal de Contas e profundo conhecedor de Finanças Públicas.

Enquanto lia uma parte da história da máfia italiana, descrita por quem com ela conviveu de perto, a curiosidade inicial da leitura como que se desvaneceu. Se pusermos de parte os horrores sanguinários, que Francis Ford Coppola soube captar de modo impressionante, quanto ao móbil das contendas e das purgas em si mesmas e das teias de interesses que germinam à volta de um poder de facto, ora subterrâneo ora paralelo aos poderes de legais, diríamos que não há ali coisa que faça um português abrir a boca de espanto.

Já sobre o modo como os poderes públicos em Portugal foram depenando os cofres do Estado, de onde ressaltam as empresas municipais, regionais e centrais, tal como as PPP´s, verdadeiros sorvedouros de dinheiros dos contribuintes em benefício de proveitos de uns poucos, os factos e os números provam que os contratos de concessão devem ser rasgados, renegociando-se agora com as concessionárias com os pés assentes no chão. Isto, sem que Tribunal algum no seu perfeito juízo possa vir condenar o Estado a ter de indemnizar esta ou aquela empresa. Era só o que mais faltava!

Carlos Moreno não vai muito longe, quedando-se por atribuir tais desastres à ânsia de fazer obra depressa sem onerar os Orçamentos do Estado, deixando, assim, a origem do mal às tendências eleitoralistas dos governantes. Talvez... mas se soubessemos quem esteve no apoio técnico das negociações contratuais e quem ganhou o quê, talvez se apurassem histórias que pouco ficariam a dever aos enredos sicilianos.

P.S. A opinião aqui expressa não cauciona nem advoga a tese que por aí anda, de que a responsabilidade política deve ser escrutinada judicialmente. São planos perfeitamente distintos e baralhar é ajudar à impunidade. A responsabilidade política deve ser julgada nas urnas através de eleições. A responsabilidade civil e criminal deve ser julgada no foro judicial. Basta-nos o princípio da separação de poderes. 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Centralidade na fronteira



Passos Coelho acorda com Dilma Rousseff cimeira Brasil-Portugal em 2012

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, acordou quinta-feira com a presidente brasileira, Dilma Rousseff, a realização de uma Cimeira Brasil-Portugal em 2012, com o objectivo de estimular alianças estratégicas entre empresas dos dois países.
"A nossa cimeira bilateral ficará subordinada ao tema de uma aliança para o crescimento sustentado e o grupo de trabalho já está a trabalhar", observou.
O primeiro-ministro confirmou que ambos "passaram em revista o plano de privatização" que está em curso em Portugal e que o país vê com "bons olhos" as proposta de companhias brasileiras.

(Fonte: Jornal de Negócios online, 28 Outubro 2011 / 00:18 Lusa)

Nada está seguro. Mas os resultados da Cimeira do Euro foram satisfatórios e indicam, finalmente, uma estratégia, quando antes parecia não haver nenhuma. A Portugal, que tem o seu caminho bem delineado, importa continuar firme no propósito de alcançar uma credibilidade externa que livre o País da "zona da despromoção". Embora ainda ténues, vão surgindo sinais nesse sentido.

É por isso que a frente atlântica e lusófona, em especial o Brasil, pode traduzir-se numa importância equivalente ao resultado dos esforços dentro da União e do Eurogrupo. Estando periclitantes ou menos confortáveis na Europa, será do outro lado do mar que iremos buscar o peso necessário para desequilibrarmos o fiel da balança a nosso favor, tal como propiciar ao «BRIC» que fala a nossa Língua uma porta franca de entrada no Velho Continente.

Em última análise, é na geografia e na história que está a mais preciosa valia pátria. Hoje, como há 500 anos. De futuro, não poderemos esquecer a lição. A nossa centralidade está sempre na fronteira.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A necessidade aguça o engenho


Enquanto aguardamos por fumo branco da Cimeira do Euro, esperando que dali emane uma resposta forte e decidida, a começar pela fórmula do perdão parcial da dívida da Grécia e consequente capitalização da banca, por cá, eis que o Ministro da Economia teve de aparecer, acossado que estava o Governo pela ausência de medidas destinadas a promover o crescimento e incrementar a riqueza.

Não será difícil imaginar, tal como na famosa série britânica - Sim, Senhor Ministro, como é que do Gabinete de Álvaro Santos Pereira despontou um raio de luz: ali reunidos, pensavam, pensavam, pensavam, e alguém, de repente, depois de voltas e mais voltas à cabeça exclamou, As minas, as minas! Ao que todos responderam Como é que não nos lembramos disso antes?. Vai daí, outro acrescentou, O gás natural do Algarve... logo um assessor de imprensa tratou de alinhavar as medidas em curso, pondo-as cá para fora, e fazendo notar o valor potencial dos recursos a explorar através das concessões de Moncorvo e Jales.

Não tardou nada e já havia quem viesse falar na riqueza de Portugal, a propósito de tais medidas.

Com mais um bocadinho de esforço a pasta da Economia vai recuperar. Há mais filões para (re)descobrir. Não tarda nada, agricultura, pescas, desenvolvimento rural e outros constituirão os vectores estratégicos do crescimento nacional.

É crível que sejam criados programas algo semelhantes aos velhos «planos de fomento».

Afinal, temos riqueza e sabemos produzir. Basta que a necessidade aguce o engenho.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Boa resposta

“Num momento de crise económica e de crise de valores no contexto europeu, é fundamental encontrar novos mecanismos de participação, de representatividade, de envolvimento dos cidadãos, para que a resposta não venha a ser uma deriva antidemocrática”, defendeu Jorge Moreira da Silva.

Durante a apresentação da Plataforma para o Crescimento Sustentável, à qual preside, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa, Jorge Moreira da Silva sustentou que “a insatisfação dos portugueses com a sua democracia é algo que está atestado, está verificado” nos estudos que têm sido publicados.

“Queremos levar a democracia mais longe”, afirmou.

O vice-presidente do PSD apresentou a Plataforma para o Crescimento Sustentável como uma associação cívica sem filiação partidária e sem fins lucrativos que defende, entre outros princípios, “mais liberdade aos cidadãos e menos influência ao Estado”, a promoção da “flexibilidade e segurança no trabalho” e “uma economia verde”.

Esta associação “já tem seis grupos a trabalhar”, conta mais de 300 associados e pretende divulgar “um relatório para o crescimento sustentável até ao final do primeiro semestre do próximo ano, identificando medidas estratégicas e concretas para libertar este potencial de crescimento”, adiantou.

No seu discurso, o fundador do PSD Francisco Pinto Balsemão, presidente do Conselho Consultivo da Plataforma para o Crescimento Sustentável, defendeu igualmente a necessidade de serem encontradas “novas vias de participação democrática”, em defesa da liberdade.

“Se queremos preservar a liberdade, temos de encontrar novas vias de participação democrática e de cidadania que nos protejam do crescente predomínio da segurança como prioridade e da consequente devassa da nossa privacidade”, considerou.

O presidente do grupo Impresa e antigo primeiro-ministro apontou a Plataforma para o Crescimento Sustentável como “um instrumento para a preservação da liberdade da pessoa humana, o que implica a descoberta de novas vias, não apenas políticas, mas também económicas e, sobretudo, de justiça social”, justificando com isso o facto de ter aderido a este projecto.

Fonte: Público online (25.10.2011 - 00:15 Por Lusa)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cristina absoluta

Vitória de Cristina Kirchner, reeleita à 1ªvolta, com cerca de 54% dos votos, ao que tudo indica. O segundo candidato mais votado, Hermes Binner, deverá ficar a 40% de distância, naquela que será a maior diferença eleitoral desde o regresso da democracia à Argentina, em 1983.

(Foto: AFP)

sábado, 22 de outubro de 2011

Shame on you



Lembro-me bem.

Em 1990, quando rebentou a 1ª Guerra do Golfo, também a primeira a ser transmitida «em directo», andava no 12º ano e pertencia à Associação de Estudantes. Por essa altura, alguém da Amnistia Internacional foi ao Liceu da Horta fazer uma palestra. Só se falava da Declaração Universal dos Direitos do Homem e da sua reiterada violação por toda a parte, incluíndo Portugal. A dado momento, quando, como de costume, o debate foi aberto à plateia e as pessoas da mesa faziam aquele ar simpaticamente forçado, de curiosidade a roçar o troça, sobre a timidez dos alunos em avançar com questões, levantei o braço e perguntei, «Se o ditador Saddam Hussein for apanhado e depois executado, qual é a posição da Amnistia Internacional? Protesta?». Não obtive resposta. Fiquei, claro, com a sensação própria dos irreverentes, por ter embaraçado os de cima do estrado.

Passaram 21 anos.

Ao ver há pouco as imagens que estão a ser divulgadas sobre a barbárie da morte de Kadafi, continuo, não só a interrogar, como a censurar veementemente. Tanto o horror perpetrado, em si mesmo, como a aparente aceitação daqueles factos, por parte dos meios de comunicação social, por múltiplos responsáveis e organizações, e pela comunidade global. 

O «espectáculo» parece ser visto como trivial, ou mais uma notícia entre outras, em que tudo se equivale, acabando por resultar no mesmo plano o abate dos felinos que um cidadão dos EUA soltou numa cidadezinha e abate de Kadafi depois de capturado enquanto pedia clemência.

Cumpre perguntar: mas o que é isto?
À luz da Lei da Guerra (sim, as forças da NATO, infiltradas no terreno, deixaram que aquele homem fosse morto daquele modo, às mãos dos desgraçados dos ébrios rebeldes), à luz do Direito Internacional, e à luz dos valores da dita «civilização ocidental», o que é isto?

Não é de Lei, não é de Direito, nem é de Justiça. 

Por cá, que somos muito dados a moções, intervenções e reclamações, é caso para perguntarmos: onde andam as Anas Gomes, os Marinhos Pintos, e demais indignados do nosso País?

Shame on you all, human rights advocates! 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

De pequenino se torce o pepino

Parece que o PSD, pela mão da JSD, quer levar os indícios de crimes que alegadamente tem na sua posse ao Procurador-Geral da República, para que o Ministério Público investigue, acuse e leve a julgamento os políticos praticaram actos ilícitos, causadores do estado a que o País chegou.

Enfim... um fait divers que até era capaz de não ser má ideia, caso essa tal «república dos juízes» viesse apurar também que os danos causados pelas «jotas» são de monta a decretar a sua extinção.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Golpe fatal


Nos anos de 2008, 2009, 2010, excepção feita a uma frase durante uma Mensagem de Ano Novo, o Senhor Presidente da República esteve mudo e permaneceu calado. O silêncio de Belém chegou a ser ensurdecedor. Para nota de rodapé, ficou registado o "Estatuto dos Açores" e o "Watergate na Casa Civil".

Assim foi até Janeiro de 2011, com a reeleição logo na 1ª volta das presidenciais à vista, que alcançou. De seguida, insustentável que se tornara a relação com José Sócrates, o princípio da «cooperação estratégica» foi rasgado e o Presidente deu sinais (no 25 de Abril, p.ex.) da necessidade do País mudar de rumo, como quem diz - nova Troika, nova aliança, nova governação.

Passadas as eleições legislativas antecipadas, a posse do Governo de Passos Coelho, e um Verão de meias medidas, em que o PS fez férias, chegámos a Outubro de 2011, com Portugal à beira da bancarrota, apesar do empréstimo entretanto concedido.

Os portugueses interiorizaram a extrema gravidade da situação, ou os "tumultos" teriam começado quando o Ministro das Finanças apresentou a Estratégia Orçamental, logo nos primeiros dias de Setembro.

Passado um mês, com o cenário político e macro-económico a agravar-se na Europa, ou tínhamos um Orçamento para 2012 de autêntica consolidação, que inspirasse a confiança dos credores, ou seríamos arrastados para o teatro grego. Impunha-se que Portugal fizesse das tripas coração e todos cerrassem fileiras, apesar dos protestos de muitos, de resto compreensíveis.

De repente, "Lázaro" levanta-se e fala. Numa entrevista televisiva a partir dos jardins do Palácio em fins do mês passado, no 05 de Outubro, e mais recentemente numa deslocação a Itália. Nesta nova fase, agora da força da palavra, no essencial fê-lo bem, a ajuizar pelas reacções desencadeadas.

Eis que ontem, se o Primeiro-Ministro já tinha vindo dizer aos portugueses que este seria o Orçamento* mais doloroso de que há memória, o Presidente da República, com sua interpretação constitucional do conceito de «equidade fiscal», num "assomo sidonista", veio "incendiar" o País.

Desde logo, vem dar abrigo a um eventual voto contra do PS, que vai quebrar o Pacto FMI/Partidos.

Depois, vem constituir-se patrono dos sindicatos e todas as forças de protesto, que agora esmeram-se a amolar facas para a mega-manifestação de 24 de Novembro.

Por outro lado, vem azedar, na pior altura possível, a relação com o Governo, que agora fica irremediavelmente ferido na asa.

Por fim, e para cúmulo, vem dizer "apenas" isto à União Europeia - cá dentro, não nos entendemos.

Toda a gente sabe que o Presidente da República não deixa sequer um átomo ao acaso. Cavaco Silva não iria ociosamente atrás do pregão da "sensibilidade social", sabendo a priori, como sabe, que as suas palavras cairiam como uma bomba, caso não tivesse um motivo bem definido.

Que será que Cavaco Silva sabe que nós não sabemos?

- Que os sacrifícios são em vão, por não haver salvação possível?
- Que quer chamar a si a mão do jogo político-partidário, numa investida presidencialista, descrente do Governo e da Assembleia da República?
- Que o Chefe do Estado deve abdicar da concertação institucional em torno das metas traçadas, em favor de um papel mais cómodo, a salvo do descontentamento, qual válvula de escape da indignação?

Em qualquer caso, a partir de ontem, o Senhor Presidente da República está obrigado a dar explicações.
Ou fala já, ou a machadada que desferiu vai abrir um golpe fatal.

* Curioso é notar que já no Domingo passado Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI, fora muito contudente na crítica à Proposta de Lei do Orçamento apresentada pelo Governo. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Bluff Seguro


Desde há uns dias que o PS deixa transpirar a hipótese da bancada socialista votar contra o Orçamento do Estado para 2012. Nunca, como desta vez, terá sido sufragada alguma Lei no Parlamento onde o sentido de voto do principal partido da Oposição acarrete tamanha importância para País, apesar desse voto não ditar o destino da Proposta de Lei apresentada. Está visto que o PS não irá votar favoravelmente.

De duas uma:
Ou António José Seguro quer animar as hostes internas por um dia, à custa de um toque de finados sobre o País, ou lava daí as mãos, abstendo-se na generalidade e reservando as propostas socialistas para a especialidade.

A nosso ver, só existe uma hipótese que justificaria o voto contra do PS: 
O Primeiro-Ministro fazer com Seguro o que Passos Coelho disse que José Sócrates lhe fez, em Março passado, quando o PEC IV foi apresentado. Mas até nessa ocasião, veio a saber-se, ambos tinham reunido em segredo, coisa que, estranhamente, nunca chegou a ser muito bem explicada... era bom que António José Seguro pense nisso, e que não venha agora fazer de Passos Coelho II. 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ségolène/Martine, que dupla!


Muito significativa esta foto.

Após a expressiva vitória na 2ª volta das primárias abertas para a escolha do candidato socialista ao Eliseu em 2012, onde participaram cerca de 3 milhões de franceses, François Hollande surge com Ségolène Royal, (sua ex-mulher e candidata presidencial em 2007) e Martine Aubry, (adversária interna que não perdeu tempo em declarar-lhe apoio) ao lado.

François Hollande "responde" ao Presidente Nicolas Sarkozy com a dupla Ségolène/Martine.
Vai ser sem dúvida das presidenciais francesas mais interessantes de seguir.

Foto: DN 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Onde é que já vimos isto?

Na Antena1, ouvimos uma dirigente da «Plataforma de Protesto» dos indignados dizer que existiam muitas propostas para aprovar na «Assembleia Popular», desde a marcação de novas manifestações ao apelo à desobediência civil no pagamento de portagens. Lemos agora nos jornais que, afinal, a «Assembleia Popular» decidiu-se por um protesto em frente ao Parlamento, no próximo 26 de Novembro.

Quando vemos estas «assembleias» lembramo-nos de qualquer coisa muito semelhante, que testemunhamos há anos: as «famosas» Assembleias Magnas da Universidade de Coimbra, em 1993 e 94, quando a Lei das Propinas sofria contestação generalizada da parte dos estudantes.

Essas Assembleias Magnas eram democráticas?
Não. Nem pouco mais ou menos. Sei porque estava lá.

E alguém sabe quem teve muitas responsabilidade pelos "tumultos" anti-propinas? 
O actual PM, Pedro Passos Coelho, na altura líder da JSD, que achava imensa graça "à brincadeira".  

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Depende

Quase totalmente apurada a situação financeira do País, a opção que se punha ao Governo era escolher entre a espada e a parede. No limite, o Governo decide cortar a direito, enveredando pela via mais difícil. Passos Coelho fez bem em vir dizer a verdade aos portugueses.

No fundo, o Orçamento de Estado para 2012 tem dois grandes objectivos:
- Prevenir, para evitar que Portugal caia na tragédia grega e tenha de sair do euro;
- Tratar, reestruturando, para conquistar a confiança de credores e mercados, de modo a libertar o País do garrote externo.

Será que os portugueses aguentam?
A dúvida, não estará tanto em saber se os portugueses aguentam, que até haver melhor remédio não há outro remédio. A dúvida está mais em saber se o Governo aguenta. Depende.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mil e uma maneiras de votar


Lançado em 2009 durante o TEDx São Paulo, o site Vote na web, desenvolvido pela Webcitizen, foi criado para resgatar o respeito e a credibilidade da atividade política brasileira.
Esta ferramenta permite que os eleitores acompanhem na prática o resultado do seu voto de uma forma fácil, simples e direta. http://www.votenaweb.com.br/

O site Vote na web aloja projetos de lei traduzidos de forma simples e objetiva, incentivando os cidadãos a participar do quotidiano do Congresso Nacional brasileiro. O utilizador pode acompanhar os projetos de lei que estão em votação, ver o perfil dos congressistas, interagir com o cenário político e participar em debates com outros internautas sobre os temas propostos, votando simbolicamente a favor ou contra. É ainda possível identificar como o candidato, em quem o eleitor votou, se está a posicionar em relação a cada um dos projetos apresentados.

Este canal de participação fomentou a chamada Webcracia, onde os cidadãos encontram ferramentas, aplicações e plataformas que fomentam e potenciam o exercício da democracia. O meio permite a aproximação dos utilizadores à vida política, desde a tradução e resumo dos projetos de lei, até à fácil navegação. "Descomplicar e desburocratizar informações, tornando-os transparentes" é um dos objetivos do Vote na web. (...)

"Os brasileiros estão a avançar com o processo democrático através da internet e o Vote na web é uma ferramenta que está a contribuir para este processo", afirma Fernando Barreto. "Não só os brasileiros, mas inúmeras nações já perceberam que a internet pode contribuir de maneira significativa para a construção da consciência política", acrescenta.

O site Vote na web, que já conquistou o apoio da ONU, tem-se destacado por fomentar a aproximação dos cidadãos brasileiros à política e por estimular o sentimento de cidadania global. Já mobilizou mais de 400 mil votos, conta com 18 mil membros cadastrados e mais de 12 mil comentários.

Vote na web vai ser apresentado no Cidadania 2.0, um evento que junta, em Lisboa, diversas iniciativas e movimentos nacionais e internacionais que irão trocar ideias sobre como as novas ferramentas digitais podem melhorar o discurso público.

Fonte: Sapo Notícias*, 12 de Outubro de 2011.
*Escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

The Occupied (global) Wall Street Journal



Será que os líderes mundiais ainda não perceberam o alcance disto?

De um lado, Obama desculpa-se com a crise financeira da União Europeia. Do outro, temos Merkel e Sarkozy, de braço dado, na bicefalia mais acéfala de que há memória na Europa, a adiar o inadiável, enquanto vão ministrando analgésicos à UE e paliativos à Grécia.

Cabe adaptar aqui um slogan do BE, Eles adiam, eles perdem, ou a conhecida lapidar de Marx, Países de todo o Mundo, uni-vos!

Para problemas globais, respostas globais. Já não basta que um país, uma união de estados, um clube dos mais ricos, ou sequer um hemisfério se reúna. Isto só "vai lá" através da promoção de um grande concerto.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Madeira é um jardim

"...Oficializado em Janeiro deste ano, e depois de quase eleger um deputado por Lisboa nas últimas eleições nacionais, o PAN acaba de eleger o seu primeiro deputado nas eleições regionais da Madeira...".

Fonte: website do PAN, 09 Outubro 2011, 22:24

sábado, 8 de outubro de 2011

Os Portugueses


Ainda não terminara o Portugal-Islândia (5-3) e os comentadores já se apressavam a fazer as contas do apuramento da Selecção Nacional para o Europeu de Futebol/2012, mesmo em caso de eventual derrota frente à Dinamarca, o nosso próximo adversário, com quem precisamos, no mínimo, de empatar, para garantirmos presença na fase final do campeonato, a disputar na Polónia e Ucrânia.

No pior dos cenários, diziam, seremos os melhores entre os segundos classificados dos Grupos e ainda teremos oportunidade de "chegar lá", pois ainda poderemos jogar o playoff.    

Bem esteve o Treinador, Paulo Bento, quando no final do jogo disse à comunicação social que não trabalha sobre outros cenários que não sejam garantir a vitória em cada desafio. 

Ora, esta mentalidade, de estarmos sempre a fazer contas e depender de outros para alcançarmos os nossos objectivos, bem pode ser transposta do futebol para outros domínios em que o País se envolve. 

É um péssimo hábito, que temos muita dificuldade em ultrapassar. Talvez, imagine-se, por sermos mais talentosos que outros, permitindo-nos dar ao luxo de correr o risco de falhar nas provas mais regulares, esperando em demasia por improvisos e façanhas.

Mutatis mutandis, é disso que trata o livro «Os Portugueses», de Barry Hatton, radicado no nosso País há 25 anos. Este inglês, correspondente da Associated Press em Portugal, que já conhece muito bem a nossa maneira de ser e que já é capaz de pensar como nós, oferece-nos uma excelente leitura, que toca no essencial das nossas idiossincrasias.    

De leitura simples mas fulcral, os professores deviam recomendar «Os Portugueses» nos liceus, e mal não seria que os jovens partilhassem depois em casa com pais e amigos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A verdadeira notícia

Quem lê, ouve ou vê notícias é diariamente bombardeado com a trilogia negra «fome, peste e guerra». 
Qual será o critério sobre aquilo que, na verdade, é notícia

Desde o quisto sebáceo de um atleta, passando pelo acidente de viação, até à fuga radioactiva e ao tsunami, tudo é notícia. E "tudo", significa todas as desgraças do mundo entrarem nas casas do mundo inteiro, todos os dias, a todas as horas.

Não haverá casos onde antes havia guerra e agora fez-se a paz? Pessoas que tinham fome e agora têm refeições? Sem abrigo que agora têm lar? Desempregados que encontraram emprego? Doentes que se curaram? Enfim... pessoas que ontem choravam e hoje sorriem?

O País está em crise, a Europa está em crise, o mundo está em crise, sabemo-lo. Mas como é que vamos sair da crise se, para os media, a prosperidade não é notícia? Como, se só é verdade o que faz notícia?

Este problema não é novo, mas será péssimo que se deixe esta voragem galopar. 

A continuarmos desta maneira, qualquer dia será notícia que um cidadão de um Estado qualquer, depois de uma ida ao psicólogo foi direito ao tribunal, pedir uma indemnização por danos morais contra uma agência noticiosa.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Nogueira & capital

No Dia Mundial do Professor, o "inefável" da FENPROF e "adamastor" do Ministério da Educação, Mário Nogueira, deslocou-se ao Funchal, onde participou na inauguração das novas instalações de um sindicato da sua classe, em cerimónia presidida pelo Presidente do Governo Regional.

Até aqui, nada de mais, para quem não vê entre os sindicatos e os poderes públicos, necessariamente, uma relação de forças antagónicas, em permanente tensão, como se uns e outros não devessem ter presente que concorrem para fins comuns, na prossecução de interesses colectivos. Será Mário Nogueira, que ouviu, também ele, apupos dos seus pares, foi à tal inauguração baseado nesta premissa?

Com os holofotes nacionais a cobrir o acontecimento (o líder da FENPROF não é ingénuo), Alberto João Jardim aproveitou a ocasião para dizer que é contra a avaliação dos professores, e é sabido que na Região a todos foi atribuída a classificação de «muito bom», o que se traduz na progressão nos escalões e nos vencimentos auferidos. Mário Nogueira, veio "explicar-se", dizendo que estava ali na qualidade de blá, blá, blá...

Este "episódio Nogueira", por si, pouco teria de relevante. Mas pelo que representa, não pode passar em branco. Num tempo em que as instituições públicas e os partidos são acusados de definhamento, e numa altura em que se clama por uma regeneração dessas entidades e organizações, é costume os sindicatos e as suas federações escaparem às análises, como se não tivessem nada a ver com o Sistema instalado.

Nada de mais errado! Sindicatos (e Patronato, diga-se), fazem parte do establishment e também eles precisam de sofrer profundas mudanças, rapidamente, desadequadas que se tornaram as suas estruturas e o seu modus operandi nos dias que correm. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Presidente por um dia


António Barreto é hoje uma figura que o País estima e muito respeita.

O seu trabalho, sobretudo enquanto académico, investigador e sociólogo, alcandorou o "livre-pensador" a referência nacional, com um estatuto “supra”, de equidistância muito fora do comum.

De tal modo assim é que a sua palavra paira como reserva do espírito sobre as cabeças, tanto de governantes como de governados. Na verdade, todos ouvimos António Barreto com atenção.

Se houvesse Senado em Portugal, por certo que um lugar lhe seria destinado. Será até legítimo interrogar por que razão o “Senador" não integra o Conselho de Estado.

Ora, curioso é notar que, pese embora os papéis importantes que António Barreto desempenhou no plano político, quer governamental quer como parlamentar, não é daí que lhe advém a áurea.

Há dias, Marcelo Rebelo de Sousa, antes mesmo de entreabrir a janela a si próprio para Belém, abriu a porta a António Barreto para a mais alta das magistraturas, facto que não deixa de ter a sua graça...

Ultimamente, há jornais que têm convidado diversas personalidades a ser directores por um dia. Sabemos que uma iniciativa dessa natureza é impossível na Presidência da República. Mas admitamo-la, por mera hipótese: havia de ser interessante ver António Barreto chefiar o Estado por um dia, como quem dá uma entrevista à SIC ou faz um discurso no 10 de Junho.

E que dizer do Prof. Marcelo em tal exercício?
Ultrapassaria, com certeza, o share da «Casa dos Segredos», e teríamos um programa com conteúdos bem mais interessantes, com todo o respeito pelos telespectadores do reality show da TVI.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A vida vai melhorar

O discurso do Presidente da República no dia 05 de Outubro costuma ser aguardado com expectativa.

Este ano, por motivos óbvios, existem redobradas razões para ouvirmos atentamente as palavras do PR.

Após as cerimónias nos Paços do Concelho, como vem sendo hábito as comemorações prosseguem ao longo do dia, já em Belém. Estão anunciadas exposições e concertos.

Só ainda não sabemos se a música ambiente que "perfumará" os jardins do Palácio será encomendada a Martinho da Vila, pois, apesar de não termos samba, Cavaco Silva, nem que seja através de um corridinho do Algarve, há-de dedicar uma nota de alento aos portugueses, que é como quem diz «A vida vai melhorar»:

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Boa Nova


Depois disto sente-se preparada para tudo?

Tive a noção há uns tempos de que já não tinha medo de fazer nada em televisão. E tenho também a noção de que preciso de me reinventar. (Bárbara Guimarães)

Fonte: Sol, 02.10.2011

domingo, 2 de outubro de 2011

Que bocejo!


Somos muito dados a isto: "inventar figuras". 

Com o respeito devido, que será que o ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros tem de especial?

Em síntese: na escalada final do anterior Governo percebeu que "não havia salvação", e deu uma entrevista ao Expresso onde diplomaticamente aproveitou para descolar de José Sócrates. E pronto... nasceu mais uma estrela no firmamento da República.

Quando espremidas, as respostas de Luís Amado, na entrevista que deu a António José Teixeira na SIC/N, resultaram mais rotundas que as rotundas. Sim, ficou a saber-se, mais uma vez, que o ex-Primeiro-Ministro não lhe deu ouvidos. De resto, um bom ensaio sobre a arte da vacuidade. Falar, falar, falar, e não dizer nada. Como quem diz: não desagradar a ninguém, para agradar a todos. Que bocejo.

sábado, 1 de outubro de 2011

Hope!


Publicidade de Gisele Bunchen pode ser proibida

Demasiado arrojada, para uns, engraçada, para outros, a última campanha publicitária da marca de lingerie “Hope”, protagonizada pela supermodelo Gisele Bündchen, está a suscitar uma viva polémica no Brasil.
O Ministério brasileiro das Políticas para as Mulheres pediu à autoridade de regulamentação publicitária a suspensão da campanha, alegando que “reforça o estereótipo errado da mulher como objeto sexual”.
Nas ruas do Rio de Janeiro, no entanto, é difícil encontrar quem se sinta ofendido…
(Fonte: euronews, 30.09)

Qual é o mal da campanha da Hope, por Gisele Bunchen?
Será que o Governo do Brasil "endoidou"?
Estereótipo errado é surfar políticas onde o Estado se demite do essencial para cuidar do acessório.