quarta-feira, 30 de junho de 2010

Muy Bien

Pouco há a dizer...
A Espanha tem uma equipa soberba. 
Tem raça e tem experiência. Tem brio e tem talento. 
No jogo com Portugal, demonstrou estofo,  foi superior, ganhou. Se o golo foi "off-side", isso ou não retira nada justiça à vitória espanhola. 
Honra para os vencidos e glória aos vencedores.
Saludos y buena suerte!

domingo, 27 de junho de 2010

Roteiros


São roteiros.
Começa a fazer aflição. 
Cavaco Silva é criticado tanto à esquerda, como ao centro, ou à direita.  
Qualquer dia alguém exclama:
Deixem o Presidente terminar o seu mandato com dignidade!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

São navegadores, os meninos de Huambo


A Selecção Nacional, em duas ou três palavras:

O apuramento para o Mundial 2010 foi o Cabo das Tormentas. Entre sofrimentos e aflições, lá passamos o Adamastor.
Depois, na fase de preparação para a Copa, as coisas não correram nada bem. Desde jogos/treino decepcionantes, passando por episódios tristes no estágio da Covilhã, até a um País com razões para estar desmobillizado e triste.

Depois, a questão do Treinador, Carlos Queiroz, que chegou à África do Sul com a cabeça a prémio e chegou a estar com o pescoço no cepo - agora, que o Prof. Queiroz lavou a face, já não precisamos de fingir mais. Conto-me entre os que não apreciam o seu estilo, ou, melhor, não empatizam com ele.

Mas isso é lateral, quando comparado com o que está em causa, ao vermos a nossa Selecção entrar em campo e alinhar-se para ouvir o Hino. Arrepia-nos sempre, toca-nos muito fundo, todas as vezes.

Pois bem:
Ninguém "dava nada" pela equipa de todos nós. Com uma enorme excepção - os milhares de portugueses e amigos de Portugal, que têm sido inexcedíveis. É impressionante! Qual a Selecção Nacional que, jogue onde jogar, é acolhida como se estivesse em casa?
Com a Costa do Marfim, soube-nos a pouco. Estivemos mesmo à beira do abismo. Tudo isso, acumulado, passou para o espírito de equipa e para a "boa onda" que se requer.

Depois, veio a Coreia do Norte e foi Portugal igual a si próprio. Renascemos das cinzas, deu-se a transfiguração, e uma luz irrompeu.  Demos sete.

Terminou há pouco o jogo com o Brasil. Aqui, com um espírito renovado, fomos inteligentes. Muito inteligentes. A primeira parte tinha que ser assim. Era preciso quebrar psicologicamente o Brasil, anestesiar a superioridade canarinha e, então, feito esse trabalho, entrar no taco-a-taco. Fizemo-lo. Mais, a equipa reencontrou-se e a Selecção reconciliou-se com o País.

O jogo não foi um grande espectáculo. O espectáculo foi Portugal fazer-se respeitar, saber honrar-se, passar à fase seguinte, e ombrear com o Brasil, fortíssimo candidato ao título. Tudo em português. Com virilidade bastante, durante os 90 minutos. Bonitas manifestações de fair-play, depois do jogo. E um ambiente extarordinário, fora do estádio. A festa prolonga-se; adeptos brasileiros, africanos lusófanos e portugueses confraternizam como iguais... de facto, somos bem maiores que o nosso território, um grupo de jogadores de futebol ou o bom lugar no ranking da FIFA... e assim também se vê a força da (potencial) da CPLP.

PS:
Que irritante assistir um jogo na televisão e ouvir comentadores dizerem tudo e o seu contrário! Neste Portugal-Brasil, o mesmo comentador disse, por exemplo, que Tiago estava muito apagado - ao intervalo, Tiago já tinha sido nos primeiros 45 minutos o melhor, a par com Pepe... para não falar, calcula-se, da expectativa que a partir de agora irá gerar-se em torno da Selecção. Ontem, éramos uma desgraça. Hoje, já somos bons. Amanhã, há-de ser coisa para irmos até à final. É urgente contrariarmos esta tendência bipolar. A cantiga não pode ser sempre a mesma. O bom fado não é drama nem é euforia. É a nossa vida, por nós traçada, por nós pensada, por nós vivida. No futebol, como noutros domínios, Portugal não tem que entrar em "estado de negação", como não pode alguma vez dar-se por chegado a "uma situação insustentável". As almas grandes não são assim. E temo-las, graças a Deus.  

sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago, aquele discurso


         
O desaparecimento de José Saramago enluta o mundo literário, a "Ibéria", a Lusofonia e Portugal. São-lhe devidas, pois, as homenagens oficialmente decretadas, como também são merecidas as mais diversas homenagens e manifestações, que partilham um sentimento de perda colectivo, chegada a hora da partida do escritor.

Há bocado, numa peça de um canal de televisão, a partir da Azinhaga, vimos que naquela pequena localidade existe uma Rua com o seu nome, outra com o nome da mulher, Pilar, e ainda uma estátua do Nobel. Nessa mesma peça, o Presidente da Junta de Freguesia  da terra natal de Saramago contou que quando informou o laureado sobre a estátuta, José Saramago respondeu que "enquanto fosse vivo não queria homenagens", o que, todavia, não veio a acontecer, acabando, depois de insistências várias, por estar presente na inauguração.

A propósito desta passagem, muito habitual no nosso País, ocorre interpelar - porquê? Acho bem mais bonito e verdadeiro, quando possível, que aqueles que de entre os nossos mais se distinguem possam receber, em vida, os reconhecimentos e tributos que lhes caibam, com justiça.

Sabemos que, na maior parte das vezes, assim não acontece, e que só o filtro do tempo acaba por eleger a obra, já consideravelmente separada da personagem, sendo o campo das artes e das letras bastante ortodoxo neste domínio.

Isto, também serve para dizer que não vou agora carpir sobre o extinto, o qual, apesar de ter tido a felicidade de receber em vida bastantes louvores e distinções, desde a Azinhaga até Estocolmo, nunca lhe consegui ler um livro do princípio ao fim.

Curiosamente, de tudo em Saramago, aquilo que mais me tocou e guardo mais vivo, não foi nada que lhe tivesse lido, mas o discurso que lhe ouvi, na cerimónia de entrega do Prémio,  a 8 de Outubro de 1998, razão pela qual, com o respeito, a franqueza e a lealdade de uma evocações singela, aqui se reproduzem as palavras então ditas pelo Nobel Português:

"Cumpriram-se hoje exactamente 50 anos sobre a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Não têm faltado comemorações à efeméride. Sabendo-se, porém, como a atenção se cansa quando as circunstâncias lhe pedem que se ocupe de assuntos sérios, não é arriscado prever que o interesse público por esta questão comece a diminuir já a partir de amanhã. Nada tenho contra esses actos comemorativos, eu próprio contribuí para eles, modestamente, com algumas palavras. E uma vez que a data o pede e a ocasião não o desaconselha, permita-se-me que diga aqui umas quantas mais.

Neste meio século não parece que os governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que moralmente estavam obrigados. As injustiças multiplicam-se, as desigualdades agravam-se, a ignorância cresce, a miséria alastra. A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante.

Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os governos, porque não sabem, porque não podem, ou porque não querem. Ou porque não lho permitem aquelas que efectivamente governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder, absolutamente não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal da democracia. Mas também não estão a cumprir o seu dever os cidadãos que somos. Pensamos que nenhuns direitos humanos poderão subsistir sem a simetria dos deveres que lhes correspondem e que não é de esperar que os governos façam nos próximos 50 anos o que não fizeram nestes que comemoramos. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra. Com a mesma veemência com que reivindicamos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa tornar-se um pouco melhor.

Não esqueci os agradecimentos. Em Frankfurt, no dia 8 de Outubro, as primeiras palavras que pronunciei foram para agradecer à Academia Sueca a atribuição do Prémio Nobel da Literatura. Agradeci igualmente aos meus editores, aos meus tradutores e aos meus leitores. A todos torno a agradecer. E agora também aos escritores portugueses e de língua portuguesa, aos do passado e aos de hoje: é por eles que as nossas literaturas existem, eu sou apenas mais um que a eles se veio juntar. Disse naquele dia que não nasci para isto, mas isto foi-me dado. Bem hajam portanto."

(Discurso de José Saramago retirado do Blogue Portugal em linha - a Comunidade Lusófona online)

Bem Haja!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Presidenciais - onda cresce



Muito curioso tem sido observar as sintomáticas reacções de destacadas figuras, sobre uma eventual candidatura presidencial de centro-direita, alternativa à do PR em exercício.
"Não passa de espuma", dizem uns, que se espumam. "Não há espaço", reforçam outros, sentindo estorvo. "Mas isso obrigará uma 2ª volta", decretam timoratos. "Cavaco é o nosso candidato natural!", bradam terceiros, em aflição.

Pois bem:

A onda, quanto maior, mais espuma faz. O espaço, só não existe para quem não o quer assumir, erguendo-se de turvas calmarias. O receio da 2ª volta, apenas interessa a quem deseja que o País não saiba a inconveniência da verdade na 1ª. E o beija-mão dos aflitos, confirma a massa política de que são feitos.

O que é facto é que a onda cresce, ganha espaço e vai chegar à praia.

Num dos posts anteriores dissemos que "a marcha" era "irreversível". Adiantamos agora que o alcance de uma candidatura alternativa ultrapassa em muito o acto eleitoral. Rasgará novos horizontes no espectro político-programático português. A procissão ainda vai no adro... mas vai sair. 

É bom que saia antes do pico do Verão. Tratando-se de mais que uma candidatura de centro-direita, parece correcto que se dê margem ao Prof. Cavaco Silva para pensar. Sobretudo, depois do Presidente em funções ter vindo dizer que a situação "é insustentável". Talvez seja... 
Quem sabe se centenas de milhares de portugueses não pensarão o mesmo... logo acrescentando,  "insustentável, a começar pela reeleição do actual Chefe do Estado."

sábado, 12 de junho de 2010

O gato preto


Quando todos, TODOS, os titulares dos Órgãos de Soberania passam a ser «presos por ter cão e presos por não ter», a coisa está mesmo feia. Quem livrará os portugueses de ver o gato preto

- O Presidente da República, acusado e acossado por não piar sobre a crise, veio, finalmente, neste 10 de Junho, dizer que, como tinha alertado, chegámos a uma situação insustentável. Cavaco recuou séculos na História para encontrar paralelos com os perigos que ameaçam Portugal. Ora, das duas uma; ou o PR lança mão dos poderes que a Constituição lhe atribui e toma medidas para desbravar caminho ou, então, se é só para dar nota que o País está entre a espada e a parede, de que vale recandidatar-se?

- Na Assembleia da República, exactamente no dia seguinte ao Feriado, a Comissão de Inquérito à PT/TVI reune para concluir, pela boca de um deputado do Bloco de Esquerda, que José Sócrates sabia do negócio mas não mentiu ao Parlamento - vá-se lá saber como explicar isto aos portugueses! Entretanto, noticia o Expresso (o mesmo jornal que traz em capa que o PSD, pela primeira vez desde 2003, está à frente do PS nas sondagens) que Pedro Passos suspira de alívio com as conclusões do Relatório de João Semedo. Ora, das duas uma; ou o PM mentiu, ou não mentiu. Se mentiu, deve demitir-se. Se não mentiu, assunto encerrado. Quanto a Passos Coelho, ou quer assumir a governação, ou não quer. Se quer, muito bem. Se não quer, como parece, a esquizofrenia do Sistema é de tal ordem que temos um líder da Oposição que não quer ser Primeiro-Ministro! Desengane-se Passos Coelho se pensa que lá para meados de 2011 vai ser mais fácil governar Portugal.

- Entretanto, no Governo reina a desorientação. Basicamente não há Governo. Há Sócrates, coadjuvado por Silva Pereira, e há um Ministro das Finanças que, verdade se diga, na teia em que está envolvido, nem dorme, a ver se evita que Portugal seja oficialmente declarado no vermelho e o FMI tenha que ser chamado a intervir. Perante tudo isto, Sócrates, escorado em estatísticas e na linha do patrício Durão Barroso - essa luz que brilha na União Europeia - lá vai dizendo que não, que as dificuldades são passageiras, que o Mundo está igual ou pior e que o que é preciso é seguir em frente. Aqui, ao menos, temos um optimista.

- Quanto aos Tribunais, lá vão andando, como se vê, proferindo despachos e rasgando sentenças, cada vez mais como se de repartições administrativas se tratassem, à falta de melhor noção do significado do exercício das funções de soberania que lhes são confiadas.

- Relativamente ao 4º Poder, dos media, que não é soberano mas tem, de facto, uma força tão ou maior que os anteriores, não podendo deixar de ser considerando, portanto, de relevante interesse público, quando Pedro Marques Lopes é consagrado comentador político e Marta Rebelo promovida à análise da técnica e da táctica da Selecção Nacional de futebol, estamos conversados, não?

ps: Marta Rebelo até percebe de bola. Talvez haja algum excesso na comparação. Na dúvida, o benefício é dela.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cantigas de duche

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, disse hoje que o Governo devia "rever o programa" e "refrescar" a equipa, considerando que, se não o fizer, "mais cedo do que tarde" será preciso "um governo que o faça". (...)
Lusa, 01 Junho



A declaração de Pedro Passos Coelho é ambígua, para não dizer enigmática. 
Fala em refrescar... 
Caso o Primeiro-Ministro enveredasse por aí, vindo agora rever o programa e remodelar algumas pastas, ou o Governo caia no mesmo instante, ou ficava com margem para cumprir a Legislatura até ao fim.  
A questão está em saber o que quer Passos Coelho:
Provocar a queda do Governo? Formar o Bloco Central? Assumir, ele próprio, a governação? 
Como parece não saber o que quer, agarra-se à «cartilha» e vai dizendo coisas destas, para passar tempo. Um bocado à semelhança daquelas equipas a quem serve um empate, com os jogadores a atirar bolas para fora e com cãibras a cada minuto, até que o árbitro dê o apito final.
É «fresco», este líder da oposição. E canta bem. Alegra?