quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Paulo Bento

Foto: Público
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de convocar Ricardo Carvalho e Bosingwa para o Euro 2012, o selecionador nacional foi telegráfico na ironia. «Sim podem ir ao Euro, como espetadores». Fonte: Sapo Desporto

É certo que Paulo Bento pegou na Selecção Nacional num momento muito difícil. É certo que conseguiu reconstruir uma equipa desfeita, que foi capaz de restaurar a ideia de colectivo e que soube reconciliar a Selecção com os portugueses. Valeu pelos objectivos alcançados. Após um início de apuramento para o Euro 2012 péssimo, com a chegada de Paulo Bento, embora sem jogar bem, Portugal começou a ganhar e lá consegiu apurar-se à última da hora, num play-off com a Bósnia sofrido, cujos 6-2 do 2º jogo não condizem com o que realmente se passou em campo. Não fossem os rasgos individuais de alguns craques, o «fio de jogo» talvez não tivesse chegado, numa partida estranha e atabalhoada... adiante: antigamente tínhamos «vitórias morais». Nos últimos anos temos chegado às fases finais, tanto do Mundial como do Europeu.

Agora, com todo o respeito pelo homem a quem o País inteiro reconhece trabalho e seriedade, uma coisa é um manager e outra é um seleccionador. Paulo Bento será um trabalhador incansável mas não tem estofo de líder. Ele, que tanto fala em tranquilidade, e que tanto se esforçou por retirar a carga de ansiedade de cima dos jogadores antes da partida, acabou por ser um elefante numa loça de porcelana no fim do jogo, quando se referiu a Ricardo Carvalho e Bosingwa. A casmurrice foi completamente despropositada.

Os líderes natos também se revelam na hora das vitórias. Paulo Bento fez lembrar Cavaco Silva na noite em que foi reeleito. Tanto num caso como noutro, o que veio ao de cima foram azedumes, maus fígados, e ajustes de contas, em vez de classe, elevação e espírito patriótico.

Paulo Bento podia até estar cheio de razão.
Ao expressar-se daquele modo, perdeu-a naquele momento.
Uma coisa é a autoridade de quem disciplina, outra coisa é usar a força para espezinhar.
Ao optar pela segunda, Paulo Bento revelou-se um «capataz». É altura, portanto, da FPF agradecer ao manager os «serviços prestados». A sua missão está mais que cumprida.