segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Duas notas - à esquerda e à direita

 
Vemos os comentários e debates. Vemos que muita gente, à direita e à esquerda, não vê um boi à frente do nariz. Duas notas:

1. Ainda ninguém reparou que António Costa, por muito que esperneie, não acredita em maioria absoluta coisíssima nenhuma?

Puxar à esquerda e apartar-se da direita não só é táctico, para colher votos, como, entretanto, ludibria o "plano B", que prefere Marinho Pinto a ter de coligar-se com o PSD. Calado que nem um rato durante este fim-de-semana, Marinho poderá ser maior que o Livre, esvaziado à partida, e ultrapassar o BE, em desmantelamento. Se faltar uma nesga de suporte parlamentar a Costa para o PS alcançar maioria, ele não hesitará em coligar-se com a turma do Bastonário.

2. Estes meninos, do PP e do PSD, que outro argumento não têm que não seja acenar com o fantasma do precipício da governação socialista, merecem ouvir das boas. Não se percebe que o PS embuche e não lhes chegue a roupa ao pêlo. Estão cheios de telhados de vidro, é claro.

2.1 Dois mil e onze foi há praticamente uma Legislatura. Quando chegarmos às eleições, terão passado 4 anos, mais de metade do tempo que Sócrates esteve no poder. E o Governo de Passos e Portas terá sido um Governo de maioria absoluta, ao contrário do anterior. Esta Coligação PSD/CDS, que foi "dona disto tudo" nos últimos anos, não pode ter o descaramento de vir atirar culpas para trás, como se o PS não tivesse pago a factura, nas eleições antecipadas de 2011, e como se o dever mais elementar desta maioria não fosse tirar o País da situação em que estava, quando a Troika foi chamada.

2.2 Era bom que alguém fizesse um filme com as imagens e declarações dos membros e apoiantes desta Coligação, desde a campanha das últimas eleições até à pré-campanha para as próximas legislativas... foi um Governo ridiculamente "franchisado", (sem qualquer ideologia, que nem neoliberais sabem ser!), que pôs toda sua fé no caderno de encargos do Programa de Assistência, tendo sido capaz oferecer aos portugueses os episódios mais patéticos e rocambolescos desde o I Governo Constitucional. Não há memória. Alguém lhes mostre esse filme, sff!

2.3 De facto, em 2011, Portugal estava muito doente. Veio, então, o remédio da Troika, ministrado por estes governantes, ufanos em ser capatazes. Resultou? As metas foram alcançadas? Estamos melhor? Dirá esta "rapaziada" que, "não havia outro remédio", que era "a Troika ou a Grécia"...

2.4 Bom... se era para concordar com uma agenda aparentemente consentânea com um programa de governo, que apenas pecava por defeito e para importar diretivas externas, de controlo financeiro, não era preciso Governo... os diretores-gerais encarregavam-se disso, conforme o etíope, o alemão e o careca fossem dizendo… e sempre se poupava no desastre que foram alguns negócios... por outro lado, para retalhar e "vender Portugal lá fora", não era preciso o "marqueteiro", Portas, andar em roadshows das arábias... a AICEP, sozinha, faria isso lindamente.

2.5 Enfim... não será preciso uma mega assessoria económico-financeira para demonstrar, por A + B, que este Governo não só não fez bem a Portugal, como ainda foi capaz de causar muito prejuízo aos cofres públicos. Basta começar nos ministérios e secretarias de Estado, passando pela AR e pela administração pública, até ao sector público empresarial e às empresas privatizadas, e ver quem é quem... ainda têm lata de pedir ao Povo “four more years”? Tenham mas é paciência e um pingo de vergonha!

2.6 Há quatro anos, quando Sócrates foi corrido, Portugal estava à beiro do abismo. No fim desta legislatura, o máximo que estes senhores podem dizer é que, com eles, "Portugal deu um passo em frente". Que grande passo, este, o da triste história do XIX Governo Constitucional.