sábado, 8 de janeiro de 2011

Impõe-se solução


Euro/Crise: Alemanha e França querem que Portugal aceite ajuda financeira
" Os Governos da Alemanha e da França querem que Portugal aceite ajuda financeira internacional quanto antes, de modo a evitar que a crise da dívida portuguesa alastre a outros países, informou a agência France Press (AFP).
Referindo-se a um artigo a publicar na segunda-feira na revista alemã Der Spiegel, a AFP revela que o periódico alemão, sem citar fontes precisas, afirma que "peritos" dos Governos da Alemanha e da França esperam que Portugal se coloque sob a assistência da União Europeia para evitar um contágio da crise da dívida para Espanha ou Bélgica.
O alarme foi dado depois da taxa de juro para uma emissão obrigacionista a seis meses ter sido colocada por Portugal na semana passada a 3,69 por cento."
Fonte: Lusa, 08 Janeiro 2010

Os sinais que nos vão chegando, tirados a papel químico do que aconteceu recentemente com a Irlanda, apontam com cada vez mais premência para a necessidade de termos de recorrer à ajuda do Fundo Europeu/FMI. Avizinha-se, assim, a passos largos, o exalar do últmo suspiro da situação económico-financeira a que Portugal chegou.  

Sabemos que o problema fulcral ultrapassa em muito as fronteiras dos Estados mais aflitos da União, sendo, afinal, a próprio edifício europeu, a começar pela moeda única, que está em causa. A esse nível, é tempo de darmos por adquirido que primeiro define-se politicamente o caminho e não o inverso, ou seja, o erro de avançar na integração económica subjugando a construção política para um papel secundário. Mas vamos ter, todos, ocasião (e é dever de Portugal dizer de sua justiça, bem alto!) de discutir esse e outros assuntos, pedras basilares da Europa, mais à frente.

Para já, importa que nos centremos no nosso impasse e que consigamos, lúcidos e determinados, encontrar uma solução. Tem de haver solução. Há solução!

Tudo indica que Cavaco Silva seja reeleito. Mesmo que não fosse, não seria por aí que a solução diferia. Há um Primeiro-ministro em plenas funções. Mesmo que seja substituído, também não é por aí que a solução difere. A questão é outra:

Qualquer que seja o xadrez resultante de 23 de Janeiro e semanas subsequentes, a solução que se impõe só pode ser uma:

A classe política vai ter de estar disposta a despir as camisolas partidárias (o que não significa renunciar às orientações ideológicas que cada um perfilha), vestindo as cores de Portugal. Isso terá de se traduzir numa ida dos partidos a Belém, dizer que viabilizam um Governo para onde sejam recrutados os melhores, tenham eles as conotações que tiverem. Urge chegar a um entendimento sobre quem são os melhores que, em nome do interesse nacional, importa chamar para o Executivo, sem que se admitam escusas.

Depois, esse Executivo, em compromisso visível com o PR, deve vir explicar a situação aos portugueses, de modo a que todos fiquem cientes que as medidas são para tomar a sério, doa a quem doer, custe o que custar. A partir daqui teremos lançadas as bases para a reforma profunda do Estado, bem como da economia e da própria sociedade. Haverá tensão social e protestos, sabemo-lo. Todas as mudanças são contrariadas por resistências.

Todavia, quando confrontados com "ou é por aqui ou ficamos TODOS em causa", no limite, cuja melhor imagem é a de um barco a dobrar o Cabo Horn, não haverá quem, com o seu comportamento errático, possa colocar em risco todos os ocupantes, sendo certo que cada decisão passa a ser fundamental, merecendo, assim, a maior atenção, constante escrutínio e permanente lealdade.

No fundo, a comunidade nacional irá acordar da letargia com que o "maná" dos últimos 25 anos a anestesiou. Vai custar, vai doer, vamos sofrer.

Mas tal como estamos, moribundos, é que não podemos continuar. Vamos viver!