segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Boa Noite e Boa Sorte, Senhor Presidente!

Ao início da noite, quando foram adiantadas as primeiras previsões sobre a elevadíssima abstenção, logo vieram todos dizer que isso obrigaria a uma grande reflexão sobre o alheamento dos portugueses relativamente ao exercício da cidadania, que os problemas verificados com os eleitores que foram impedidos de votar, por causa do cartão do cidadão, eram um escândalo, e blá, blá, blá, por aí fora... 

Uma hora mais tarde, quando as televisões avançaram que não obstante a abstenção, o Professor Cavaco Silva seria eleito à 1ª volta, a "preocupação" com a baixa afluência às urnas como que se evaporou, começando então, aí sim, o verdadeiro "espectáculo" das declarações, discursos, comentários e análises.

Ao contrário do que seria expectável, uma taxa de abstenção tão alta acabou por beneficiar o Presidente recandidato. Afinal, os votantes em geral e os dos escalões etários mais avançados em particular quiseram mesmo eleger Cavaco Silva. Com uma abstenção de mais de 50%, só há uma explicação para que a corrida tenha ficado resolvida este domingo - os jovens, à partida mais irreverentes, não foram votar.

Seja como for, a verdade é que isso não deslustra a vitória de Aníbal Cavaco Silva, que tem plena legitimidade para exercer o seu segundo mandato presidencial. Depois de, em 87 e 91, ter conquistado duas maiorias absolutas consecutivas (em 85 havia sido maioria relativa) em eleições legislativas, o Professor é, de longe, o político nacional mais destacado pelo número e score das vitórias eleitorais que obteve.

E a quem muito foi dado, muito será pedido...

Vamos ao discurso do vencedor da noite:

Foram dois. Um, de cariz institucional, dentro da sala reservada no CCB e outro, mais informal, da varanda daquele espaço para a centena e meia de populares que se reuniram no átrio.

Enquanto estava a ver, não queria acreditar no que dizia Cavaco Silva! Soou mal, muito mal...  mas então, um Presidente da República, acabado de ser reeleito, e que se proclama Presidente de Portugal inteiro, referencial de estabilidade, factor de união e coesão social, última reserva do Estado, etc. etc., dedica quase metade dos seus discursos, numa toada revanchista, como quem destila fel, a lancinar friamente os seus cinco oponentes, exigindo purgas e chegando ao ponto de instigar que nomes de jornalistas sejam revelados, isto, por causa das alegadas injustiças de que foi alvo, para mais quando, ao mesmo tempo, diz que o povo foi sábio e castigou quem lançou infâmias com vil baixeza?

O Senhor Presidente quer o quê, afinal, se o Povo, como ele próprio diz, soube castigar nas urnas aquela que foi a coligação 5 contra 1? 

Sinceramente... sobretudo numa altura em que o Regime está no seu estertor e Portugal por um fio, era fundamental que o Presidente tivesse sido suficientemente magnânimo e patriota para dizer que passada a campanha eleitoral acabaram-se os candidatos, e amanhã será o Presidente de todos os portugueses, sem distinção, a começar por aqueles que se lhe opuseram, os que não votaram nele ou até quem nem foi votar! 

Se todos acharam que Defensor Moura - que ficou derrotado e em último lugar, com menos de 2% - foi deselegante, despropositado e até arrogante, ao afirmar que não felicitaria Cavaco Silva pela vitória, o que dizer do vencedor? Aquele que conquistou mais de 50% dos votos e veio lançar-se em ajustes de contas, não saberá que a elevação própria da grandeza que caracteriza os homens a quem o país confia um mandato para mais alto magistrado da nação requer outra "chama" e outra "alma"?

De resto, Cavaco Silva, para além de azedume, pouco disse ao País digno de registo. Dali não veio um pálido sinal esperança, uma mera palavra de conforto, nem tampouco um gesto que tocasse o coração dos portugueses.

Nem por isso deixamos de lhe dizer: Boa Noite e Boa Sorte, Senhor Presidente! 

sábado, 22 de janeiro de 2011

Para mais tarde recordar

Rui Ochôa, porventura o fotógrafo mais conhecido e conhecedor dos meandros da política portuguesa, costuma presentear-nos semanalmente, na Única do Expresso, com fotos plenas de significado sobre pessoas e factos marcantes das últimas décadas, cujo relevo das mensagens que transportam só se consegue alcançar à distância do tempo, que vai da captação do momento até à altura de fazer História.

Esperamos que não tenha perdido ocasião de disparar o seu flash sobre as duas personalidades que aparecem acima, especialmente entre os dias 09 e 21 de Janeiro de 2011...     

10 razões para votar em branco



10 RAZÕES PARA VOTAR EM BRANCO

1. Votar é um direito

2. Votar é um dever

3. A abstenção é um alheamento muito perigoso para a Democracia    

4. Nenhum dos candidatos apresenta perfil para o cargo

5. Cavaco Silva e Manuel Alegre são políticos do passado

6. Para a UE, o BCE, o FMI, os mercados, os credores e outros factores externos, de que Portugal muito depende, o nome do inquilino de Belém não é relevante

7. A campanha eleitoral foi de uma pobreza de fazer chorar as pedras da calçada

8. Nenhum dos candidatos inspira confiança bastante que mereça um voto expresso, bem demasiado valioso para ser usado sem inteira convicção 

9. Nenhum dos candidatos tem uma ideia-chave para Portugal

10. José Manuel Coelho já tem garantidos votos mais que suficientes no continente português para ser um "caso de estudo". 

PS: Passa da meia noite e já estamos em período de reflexão. Eu sei. 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Navegar é preciso




Digam o que disserem. Quando a crise aperta sabemos navegar como nenhum outro povo. "Gesta", dirão uns, "safa", afirmarão outros.
Que importa? A verdade é que de rotas para encontrar mercados, de afirmação em escalas globais, e de capacidade para encetar negociações, disso, percebemos nós. Tratem lá de segurar o euro e avançar para uma UE decidida a considerar que o deve e o haver é solidário, na medida em que todos dão e recebem equitativamente, pois os portugueses estão talhados para outras missões, cujo alcance, afinal de contas, irá beneficiar a Europa inteira.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Estado fandango

"...Continuam a monte os dois reclusos brasileiros que esta tarde fugiram de uma carrinha celular, quando iam ser levados para interrogatório no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em Lisboa.
Os dois homens surpreenderam os guardas prisionais na altura em que a porta da viatura foi aberta. “Quando foi aberta a porta, um dos reclusos já não tinha as algemas e dá um salto e sai da carrinha. O outro, que continuava com as algemas, também o seguiu”, explicou à Renascença Rui Sá Gomes...".
Fonte: Rádio Renascença, 18-01-2011, 20:10

Entretanto, ouvimos o Senhor Director-Geral dos Serviços Prisionais dizer - impávido, sereno e a gracejar - que tinha, ele próprio, feito o teste algemas e que conseguira livrar-se delas, apesar de não ser bandido. É de pasmar! Aconteceu o que aconteceu e a consequência será determinar que se estude e analise o processo de concepção e fabrico do "equipamento"... será preciso abrir uma comissão de inquérito? E será que o Senhor Director-Geral não se sente nem um bocadinho responsável?
Qual quê! Os detidos andam a monte, como a monte andam os Serviços Prisionais!

"Vamos continuar com a greve que temos vindo a manter há mais de um mês e vamos agravar essas formas de luta com um pré-aviso de greve a todo o trabalho a desenvolver também durante a hora de almoço, com o cumprimento escrupuloso de todos os regimes de descanso e folgas previstos nos regulamentos da Polícia Judiciária, que ninguém cumpre", explicou o presidente da estrutura sindical.
Carlos Garcia falava com os jornalistas durante uma concentração, antecedida de um plenário, em frente ao Ministério da Justiça, em defesa do reconhecimento da carreira da classe, entre outras reivindicações.
De acordo com o presidente da ASFIC/PJ, as formas de contestação vão incluir também o "o pedido do adiantamento das ajudas de custo sempre que as diligências sejam realizadas fora da comarca" onde os investigadores criminais estão sediados.
Fonte: Correio da Manhã, 18 Janeiro 2011

Está certo... pois se os Senhores Magistrados do Ministério Público não deixam ninguém lhes tocar nessa vaca sagrada que é o seu Estatuto, então os agentes da PJ não hão-de poder reivindicar o direito ao descanso e que o Estado lhes adiante as ajudas de custo para as diligências fora das respectivas comarcas? Quer dizer, ou haja moralidade ou comam todos.
"...Cavaco Silva vence as eleições presidenciais à primeira volta, deixando Manuel Alegre com apenas 15% dos votos e tecnicamente empatado com Fernando Nobre...".
Fonte: Diário Económico, 19/01/11, 00:05

Cavaco já ganhou? A ver vamos... sobretudo se consegue ganhar à abstenção. Agora, há uma coisa que os apoiantes de Cavaco Silva não estão a ver bem. É que, com o PR reconduzido a Belém, e não obstante a ruptura definitiva com Sócrates, talvez seja, por isso mesmo, mais difícil o PM "entregar os pontos", abrindo caminho para a condução de Passos Coelho a São Bento. Cinco anos depois, parte da história repete-se. Só que desta vez ao contrário. Se em 2005 foi importante para Cavaco que a Coligação PSD+PP tenha sido arredada do Governo, dando lugar ao PS com maioria absoluta, desta feita, quem sabe se uma maioria de Cavaco à 1ª volta  não ajudará Sócrates a manter-se? Com Manuel Alegre em Belém é que as legislativas antecipadas estavam certinhas e era canja. Já com o Presidente estribado no PSD e no PP a história pode ser outra. É a vida... no reino da Marktest.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Em português


... Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!

Say something, pá!



O secretário-geral do PSD referiu ter sido informado de que «o senhor primeiro-ministro já teve oportunidade de pôr em causa essas notícias», acrescentando que, perante isso, não tem razões para «deixar de confiar na posição do Governo».
Fonte: Diário IOL, 08 Janeiro 2011

 Manuel Alegre afirmou hoje que apoiará Cavaco Silva caso o Presidente da República queira suspender a campanha eleitoral para encetar diligências junto das instâncias internacionais, para que Portugal consiga travar a pressão sobre os juros da dívida.
Fonte: Sol online, 10 Janeiro 2011

Ou seja:

À letra, o PSD "acredita" no Governo do PS. Manuel Alegre "acredita" em Cavaco Silva, apoiado pelo PSD...

Chega de truques de algibeira. Acham que o País é a RGA de uma Associação de Estudantes do Liceu, ou quê?!

É óbvio que o PSD sabe que o Governo vai ter de se vergar, e é óbvio que o PS sabe que as diligências de Cavaco Silva valeriam tanto com uma viola num enterro!

Depois, virão as virgens ofendidas das duas bandas dizer que "deram todas as condições para que o outro fizesse o que tinha a fazer", sacudindo, assim, a água do capote, e transferindo os ónus e encargos para o vizinho do lado... fariam melhor em tocar o disco, que esse está gasto. 

A BBC devia mas era meter um processo contra estes  dois (PS+PSD), o "sr. feliz" e "sr. contente", (por pirataria, - de fraca qualidade ainda por cima) à belíssima Série «Yes, Minister».

sábado, 8 de janeiro de 2011

Impõe-se solução


Euro/Crise: Alemanha e França querem que Portugal aceite ajuda financeira
" Os Governos da Alemanha e da França querem que Portugal aceite ajuda financeira internacional quanto antes, de modo a evitar que a crise da dívida portuguesa alastre a outros países, informou a agência France Press (AFP).
Referindo-se a um artigo a publicar na segunda-feira na revista alemã Der Spiegel, a AFP revela que o periódico alemão, sem citar fontes precisas, afirma que "peritos" dos Governos da Alemanha e da França esperam que Portugal se coloque sob a assistência da União Europeia para evitar um contágio da crise da dívida para Espanha ou Bélgica.
O alarme foi dado depois da taxa de juro para uma emissão obrigacionista a seis meses ter sido colocada por Portugal na semana passada a 3,69 por cento."
Fonte: Lusa, 08 Janeiro 2010

Os sinais que nos vão chegando, tirados a papel químico do que aconteceu recentemente com a Irlanda, apontam com cada vez mais premência para a necessidade de termos de recorrer à ajuda do Fundo Europeu/FMI. Avizinha-se, assim, a passos largos, o exalar do últmo suspiro da situação económico-financeira a que Portugal chegou.  

Sabemos que o problema fulcral ultrapassa em muito as fronteiras dos Estados mais aflitos da União, sendo, afinal, a próprio edifício europeu, a começar pela moeda única, que está em causa. A esse nível, é tempo de darmos por adquirido que primeiro define-se politicamente o caminho e não o inverso, ou seja, o erro de avançar na integração económica subjugando a construção política para um papel secundário. Mas vamos ter, todos, ocasião (e é dever de Portugal dizer de sua justiça, bem alto!) de discutir esse e outros assuntos, pedras basilares da Europa, mais à frente.

Para já, importa que nos centremos no nosso impasse e que consigamos, lúcidos e determinados, encontrar uma solução. Tem de haver solução. Há solução!

Tudo indica que Cavaco Silva seja reeleito. Mesmo que não fosse, não seria por aí que a solução diferia. Há um Primeiro-ministro em plenas funções. Mesmo que seja substituído, também não é por aí que a solução difere. A questão é outra:

Qualquer que seja o xadrez resultante de 23 de Janeiro e semanas subsequentes, a solução que se impõe só pode ser uma:

A classe política vai ter de estar disposta a despir as camisolas partidárias (o que não significa renunciar às orientações ideológicas que cada um perfilha), vestindo as cores de Portugal. Isso terá de se traduzir numa ida dos partidos a Belém, dizer que viabilizam um Governo para onde sejam recrutados os melhores, tenham eles as conotações que tiverem. Urge chegar a um entendimento sobre quem são os melhores que, em nome do interesse nacional, importa chamar para o Executivo, sem que se admitam escusas.

Depois, esse Executivo, em compromisso visível com o PR, deve vir explicar a situação aos portugueses, de modo a que todos fiquem cientes que as medidas são para tomar a sério, doa a quem doer, custe o que custar. A partir daqui teremos lançadas as bases para a reforma profunda do Estado, bem como da economia e da própria sociedade. Haverá tensão social e protestos, sabemo-lo. Todas as mudanças são contrariadas por resistências.

Todavia, quando confrontados com "ou é por aqui ou ficamos TODOS em causa", no limite, cuja melhor imagem é a de um barco a dobrar o Cabo Horn, não haverá quem, com o seu comportamento errático, possa colocar em risco todos os ocupantes, sendo certo que cada decisão passa a ser fundamental, merecendo, assim, a maior atenção, constante escrutínio e permanente lealdade.

No fundo, a comunidade nacional irá acordar da letargia com que o "maná" dos últimos 25 anos a anestesiou. Vai custar, vai doer, vamos sofrer.

Mas tal como estamos, moribundos, é que não podemos continuar. Vamos viver!

É a Lei de Gresham!

Na abertura do XXVI Congresso do PSD, realizado nos dias 12,13 e 14 de Novembro de 2004, em Barcelos, o então Presidente do Partido Social-Democrata, sentindo dever saber interpretar com fidelidade "o pulso das bases", lançou o nome de Cavaco Silva para as eleições presidenciais que se realizariam dentro de pouco mais de um ano, em Janeiro de 2006.

Na altura, se bem me lembro (estava lá), os jornalistas foram a correr atrás da reacção do Professor Cavaco, que se encontrava em Madrid, tendo então colhido a resposta, tão lacónica quanto elucidativa, que a política em Portugal estava muito pouco estimulante...

Daí para a  frente, entre solavancos e "casos", a história é bem conhecida: dias depois, o Presidente Sampaio dissolveu a Assembleia, foram convocadas eleições legislativas antecipadas para Fevereiro, o PS alcançou a sua primeira maioria absoluta, José Sócrates tomou posse do XVII Governo em Março e, nesse mesmo mês, Cavaco Silva, de férias no Brasil (por coincidência vimo-lo por lá, numa praia da Bahia) dá uma entrevista exclusiva à «Visão», naquele que foi um sinal claro da sua predisposição para se candidatar, o que veio confirmar-se depois do Verão desse ano, chegando a Belém, na 1ª volta, a 22 de Janeiro de 2006.

Adiante:
Este Sábado, 08 de Janeiro, o «Expresso» faz manchete com a foto acima reproduzida e ontem o cidadão José Manuel Coelho, candidato presidencial no próximo dia 23, preterido que fora dos debates televisivos, teve o seu prime time na entrevista conduzida por Judite de Sousa, no Canal 1, onde teve oportunidade de explicar as razões da sua "cruzada", onde, pelo menos até o dia das eleições é par de todos os que serão submetidos ao sufrágio, sem excepção.
Simultaneamente, a pré-campanha está tomada pela "novela do BPN" mas os portugueses estão "nem aí", e Portugal "está muito perto de recorrer ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira", titula o  jornal espanhol «El Mundo». Enfim... esta última deve ser uma nota "de somenos", a avaliar por quão estimulante está a política portuguesa, quase em plena campanha para a eleição da primeira figura do Estado.
É a Lei de Gresham! Só pode. 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

10 anos SIC/N


A SIC/Notícias faz 10 anos. Uma década. Que não foi uma aposta perdida para este segmento do Grupo Impresa. Antes pelo contrário. Soube afirmar a sua qualidade, inovar, e tem procurado constantemente acompanhar os tempos, distinguindo-se para melhor. Hoje, já não concebemos a informação no nosso País sem a antena da SIC/Notícias. Pela nossa parte é, de longe, o canal que mais sintonizamos, cujos jornais e programas seguimos com mais interesse. Associamo-nos a todos aqueles que têm felicitado a equipa que todos os dias, ao longo de 24h, produz o primeiro canal de informação da TV em Portugal.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Só à bastonada!

"... Rui Martinho, o novo bastonário da Ordem dos Economistas que ontem tomou posse, acredita que a alienação de uma parte das reservas evitaria novas medidas de austeridade." Fonte: Correio da Manhã, 04.01.2011

E que tal se alienássemos uma parte dos nossos economistas?
Resta-nos saber quanto valeriam no mercado...
Será que a cotação atingiria o valor da mirra?
Enfim... só mesmo à bastonada!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O "nosso" Sá Carneiro

Em finais de 2010, como em nenhum outro ano, foram publicados tantos e tão profundos trabalhos sobre o Fundador do PPD/PSD, desde a biografia de Francisco Sá Carneiro, de Miguel Pinheiro, passando pela tese de mestrado de Joana Reis, até às memórias de Conceição Monteiro.

Todas estas obras são contributos indeclináveis para quem queira conhecer ou aprofundar a extraordinária dimensão do homem, do advogado e do político, em especial desde os fascinantes tempos que medeiam o Concílio Vaticano II, convocado em 1961, a tentativa de mudar o Regime por dentro, com a "Ala Liberal", entre 1969 e 73, os alvores da construção de um País livre e democrático, após 25 de Abril de 1974, bem como a Proposta para um Portugal moderno, em 1979, abruptamente interrompida pela tragédia de Camarate, a 04 de Dezembro de 80.

Todavia, «O Meu Sá Carneiro - Reflexões sobre o seu pensamento político», (edição da D. Quixote), de José Miguel Júdice, será, porventura, o melhor ensaio alguma vez publicado sobre os pilares teóricos em que assenta convicção, visão e acção do Primeiro-Ministro que teve a primeira maioria parlamentar da III República, através da Aliança Democrática.

JMJ oferece-nos, pois, não apenas um retrato daquilo que foi, mas também uma análise, tão actual como equidistante, quer das conquistas alcançadas uns anos depois, quer do definhamento do "legado Sá-Carneirista", e também da "exaustão" e do "vazio" em que nos encontramos, a que veio juntar-se uma grave crise, dentro e fora das fronteiras, atirando-nos, mais uma vez para o torpor do "Impasse" presente.

Respostas, José Miguel Júdice, intelectualmente denso mas pragmático, preferindo não adiantar soluções panfletárias, opta por apreender e interpretar, trinta anos volvidos, a essência de um ideário que deve ser erigido e tem seiva bastante para nortear o cerne dos conceitos e das fórmulas, para a IV República, que há-de vir. É leitura obrigatória!

Pela nossa parte, não será preciso esperar por uma "edição esqucida nalgum alfarrabista, daqui a 30 anos", que já a temos. E agradecemos ao autor "O nosso Sá Carneiro".      

Trabalho e Paz

Numa palavra, a Mensagem de Ano Novo do Presidente da República, foi a melhor possível do pior mandato possível.

Naquela que foi uma declaração bem feita, houve ali um pormenor de grande significado: repararam que, a finalizar, e diferentemente do habitual neste tipo de ocasiões, o PR optou por desejar a todos um 2011 "feito de trabalho e de paz"?

Esperamos, sinceramente, que o Professor Cavaco Silva, a ser eleito, não poupe as reservas morais e políticas de que é derradeiro depositário, fazendo tudo o que estiver ao seu alcance, desta vez de modo mais notório e decidido, no sentido de Portugal entrar, de facto, no caminho do trabalho, em paz. Assim se fará o pão, fermento da coesão social. É por isso que os "roteiros", caso continuem, tenham de mudar de itinerários.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Sorte Grande

Para quê mais estudos e discussões estéreis?
Entendamo-nos:
- O primeiro activo nacional é a Língua;
- O segundo é o mar e a nossa posição geoestratégica;
- O terceiro é a identidade nacional e vocação universalista do povo português.

Amanhã, a Presidente Dilma Rousseff, (logo na manhã do primeiro dia de exercício do cargo em que foi investida), vai receber o Primeiro-Ministro de Portugal. 
É claro que temos tanto ou mais interesse nesse encontro do que o Brasil. Mas não deixa de ser muito, muito significativo que a um dos países integrados na lista dos PIGS, Brasília atribua precedência, na ordem das recepções da Presidente acabada de tomar posse. Um país dos BRIC´s e do G20, segunda maior potência americana, elege Portugal como parceiro natural, especialmente numa hora em que os media do mundo centram a sua atenção nos primeiros gestos públicos da sucessora de Lula da Silva. Tem muito que se lhe diga...
Bem protesta o Dr. Mário Soares, quando se insurge contra a ideia, tantas vezes propagada, que Portugal é um País "pequeno, periférico e pobre". Na verdade, não somos nada disso... ou, se assim estamos, o potencial do nosso desígnio nada tem que ver com isso!

A propósito, talvez seja tempo de irmos pensando a sério num aprofundamento da missão CPLP, a qual, em última análise, passará pela constituição de um espaço político-económico, cujo paralelo mais ilustrativo será o da Commonwealth, sendo que nenhum outro país da União Europeia localizado no velho continente pode almejar a tanto.
Sorte Grande.
http://www.youtube.com/watch?v=jR1jgpwjGuE

sábado, 1 de janeiro de 2011

Portugal 2011

"Ano Novo, vida nova!"
Costuma dizer-se...
Mas, este ano, é mesmo para valer!

Três grandes propósitos:
- Que Portugal reafirme a sua Independência, no sentido mais lato;
- Que não nos poupemos a esforços, para que o nosso País seja, de facto, uma terra de Liberdade;
- Que os portugueses voltem a empenhar-se nas causas colectivas, dando e exigindo em fatias iguais.