quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Uma vergonha

 


«Uma vergonha, vocês são uma vergonha, uma vergonha...»

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cheiro a BPN

Segundo a comunicação social, a venda do BPN ao BIC está por dias. Diz-se que o Governo não se poupou a esforços para evitar que o recém nacionalizado Banco Português de Negócios tivesse na liquidação a sua última saída. Mal por mal, mais vale ceder nalgumas pretensões e arrumar o assunto, terão pensado.

Vem isto a propósito de estarmos à beira de entrar num ciclo de privatizações, jamais visto em Portugal. Vamos assistir a uma espécie de «gonçalvismo ao contrário». Quase tudo vai ser privatizado. 

Ao contrário de muitas opiniões publicadas, que pautam o desempenho e a resiliência do Executivo de Passos Coelho em variáveis como: o projecto europeu e a sobrevivência da moeda única; a questão em redor da medida dos nossos brandos costumes num contexto de iminente desagragação social; o desemprego; a carga fiscal; a quase ausência de um programa económico; a resistência das corporações às mudanças que se impõem, etc., pensamos que o desafio mais perigoso, qual roleta russa deste Governo, está na transparência e no mérito da execução do programa de privatizações em carteira.

Quando virmos por aí alguns dizer que «a crise gera oportunidades», cuidado! Muito cuidadinho.

Ou o Governo consegue blindar os mega-negócios de todo e qualquer sinal de fumo ou, uma vez detectados certos sinais não haverá como apagar o fogo. Os portugueses suportam quase tudo, como estão estoicamente a demonstrar todos os dias. Mas se cheirar a BPN e se o Povo sonhar que uns artistas enriqueceram de um dia para o outro, não há escapatória: Passos Coelho está frito.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Spleen


Dezembro, dia pluvioso. Vem
Deste céu de burel um spleen mortal
Onde as almas se atolam como alguém
Que caísse num vasto lodaçal.

Olho em torno de mim: as cousas mesmas
Têm um ar de desgosto sem remédio...
E as horas vão, morosas como lesmas,
Rastejando por sobre o nosso tédio.

O véu cinzento e denso que se espalha
Lá por fora, empanando as perspectivas.
Dir-se-á também que as almas amortalha
E afoga as suas vibrações mais vivas.

Roberto de Mesquita (Flores, 1871-1923)
Almas Cativas e Poemas Dispersos
Lisboa, Edições Ática, 1973 (1ª ed.)

sábado, 26 de novembro de 2011

Amar Lisboa

O presidente cessante da Comissão nacional da UNESCO, embaixador Fernando Andresen Guimarães, disse hoje que durante a tarde de domingo será conhecida a decisão da inscrição do fado como Património Imaterial da Humanidade e que há "excelentes expectativas".

"Estou convencido que o mais tardar durante a tarde de domingo será a decisão e temos excelentes expetativas. Mais que excelentes. Ficaria muito surpreendido que algo inesperado acontecesse", afirmou aos jornalistas.

O embaixador Fernando Andresen Guimarães falava no Centro de Convenções Internacional de Bali, em Nusa Dua, onde decorre o VI Comité Inter-Governamental da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO).

"Estou convencido pessoalmente, não sei se me estou a adiantar um bocado, que o fado será inscrito no domingo [como Património Imaterial da Humanidade], como estou convencido que em termos de imprensa mundial será o fado um dos que vai ser descrito", acrescentou o embaixador português.

Segundo o embaixador, ninguém vai numa emissão enumerar todas as inscrições e estou convencido que o fado vai ser uma das bandeiras da reunião".

O embaixador Fernando Andresen Guimarães sublinhou também a qualidade da candidatura.

(Fonte: Lusa, 25.11.2011)

É justo consultar aqui
Deliberação nº 306/CM/2004 relativa à Proposta nº 306/2004, subscrita pelo Presidente da Câmara e aprovada por unanimidade na Reunião da Câmara Municipal de Lisboa realizada em 12 de Maio de 2004, conforme acta publicada no 2º Suplemento do Boletim Municipal nº 536, pág. 1532 (8), de 27 de Maio de 2004.

Lusitana Paixão

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A verdade costuma estar a meio

Tanta coisa, tanta coisa, e afinal, a adesão à greve foi de 10% para o Governo e 90% para os Sindicatos. Como é possível apurar os números de forma tão díspar? Ninguém sabe ao certo quantos portugueses fizeram greve, o que não é o mesmo que saber quantos portugueses não foram trabalhar por falta de transportes, especialmente na Grande Lisboa. Como a verdade costuma estar no meio, a greve terá andado na casa dos 30%, abaixo das expectativas dos sindicatos, portanto.  

Se há coisa que irrita nas greves são os "piquetes". Carvalho da Silva dizia que uma das funções dos piquetes é sensibilizar os trabalhadores para não trabalharem. Então, se o direito à greve é fundamental, o direito ao trabalho já não é? Pode obrigar-se alguém a trabalhar num dia de greve geral? E a não trabalhar, já pode? Estranho conceito de democracia, este.

Apesar de ainda não sabermos quais as conquistas alcançadas para os trabalhadores com a "jornada de luta", o que é sabido é que a Agência Ficth, ao revêr o rating de Portugal em baixa, veio criar condições para aumentar as margens dos especuladores.    

A nota mais positiva vai para os grevistas e as forças de segurança pois, de um modo geral, uns e outros  exerceram os seus protestos e funções com civismo, sem inflamáveis exageros.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A greve não é do povo?


Nun claro apelo à Greve Geral, Mário Soares, Pedro Adão e Silva, Joana Amaral Dias, Medeiros Ferreira, Vasco Vieira de Almeida, entre outras personalidades, assinaram um manifesto em que apelam à mobilização da esquerda que se revê na justiça social e no aprofundamento democrático, como tem sido noticiado.

Isto pode ser contraproducente:

- Justiça social e aprofundamento democrático, toda a gente quer;
- A situação presente não é sentida apenas por pessoas de uma certa franja social ou quadrante político;
- Fazer da Greve Geral uma greve exclusiva da esquerda mais à esquerda do PS é redutor;
- Colocar António José Seguro entre a espada e a parede também não parece lá muito sensato.

É que o País percebe muito bem tudo isto.
Mais as altas figuras apelam à greve mais portugueses acham que a greve não é do povo.

PS: Com a devida vénia, será que o Dr. Vasco Vieira de Almeida também incentiva funcionários, estagiários, advogados júniores e outros a declarar greve geral lá no Escritório?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Impressionante

Mariano Rajoy fez um discurso de vitória simples, forte e bom. No plano externo, foi direito ao ponto. Dizer claramente à Europa que Espanha é grande no Mundo. Que vai levantar voz na UE de modo tão vigoroso quanto responsável.

Portugal também tem para dizer de sua justiça. 
O Estado-Nação mais antigo da Europa também é grande no Mundo. Oito séculos de independência deram aos portugueses uma sapiência incomensuravelmente maior que a de todos os eurocratas e técnicos da troika juntos.
O tom, a forma e o momento compete ao Governo. 

A força da «mensagem», essa, bem pode ser retirada daqui:

É revelador. Impressionante. Único. Nosso.

domingo, 20 de novembro de 2011

Que mal

É consabido que qualquer palavra do Presidente da República causa eco. É também adquirido que impende sobre a primeira figura do Estado um dever especial de probidade, na medida do alcance dos seus gestos.
É ainda requerido ao mais alto magistrado que encarne o papel que a Constituição lhe reserva, e revele um exercício condizente com inalienáveis valores pátrios.

Dito assim, parece que o actual PR foi especialmente talhado para a função. O seu perfil austero e meticuloso propicia a ideia de impecabilidade no cumprimento dos poderes em que está investido.

A questão é que tudo isto pode tornar-se perverso, sobretudo quando o protocolo substitui o contexto, o formalismo toma o lugar da substância, ou o cálculo é maior que o problema.

Nada impede, antes pelo contrário, que o PR dê testemunho concreto dos princípios que enformam o Estado de Direito Democrático, preste tributo aos direitos, liberdades e garantias consagrados, ou tenha a majestade, no sentido de potestade, para dar um exemplo, em nome de autêntico humanismo.

A reacção pública de Cavaco Silva à detenção de Duarte Lima não só soou a falso, como resultou numa atabalhoada inversão do que seria “normal” o Presidente da República dizer.

Em vez de convocar nos portugueses aquela imagem da negação bíblica «não o conheço», melhor fora que tivesse sido “natural”.

Ninguém gosta de ver um cidadão assim exposto, todos se entristecem quando um antigo colaborador é indiciado criminalmente, agora compete aos tribunais administrar a Justiça.

Que mal.

sábado, 19 de novembro de 2011

A vaca que já não ri

Lisboa, 18 nov (Lusa) - A agência de notação financeira Moody's baixou hoje o 'rating' dos Açores de Ba3 para B1 (um nível), mantendo as perspetivas negativas, considerando que existem "riscos significativos" no que se refere ao financiamento da Região Autónoma.

Em comunicado, a Moody's justifica ainda a decisão com "os níveis muito elevados de endividamento direto e indireto da Região" e com "o acesso muito limitado a financiamento por parte dos emissores portugueses".

Reconhecendo que os Açores apresentaram um desempenho orçamental "satisfatório" em 2010, a Moody's considera que a sua dívida se está a deteriorar "rapidamente".

© 2011 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Paulo Bento

Foto: Público
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de convocar Ricardo Carvalho e Bosingwa para o Euro 2012, o selecionador nacional foi telegráfico na ironia. «Sim podem ir ao Euro, como espetadores». Fonte: Sapo Desporto

É certo que Paulo Bento pegou na Selecção Nacional num momento muito difícil. É certo que conseguiu reconstruir uma equipa desfeita, que foi capaz de restaurar a ideia de colectivo e que soube reconciliar a Selecção com os portugueses. Valeu pelos objectivos alcançados. Após um início de apuramento para o Euro 2012 péssimo, com a chegada de Paulo Bento, embora sem jogar bem, Portugal começou a ganhar e lá consegiu apurar-se à última da hora, num play-off com a Bósnia sofrido, cujos 6-2 do 2º jogo não condizem com o que realmente se passou em campo. Não fossem os rasgos individuais de alguns craques, o «fio de jogo» talvez não tivesse chegado, numa partida estranha e atabalhoada... adiante: antigamente tínhamos «vitórias morais». Nos últimos anos temos chegado às fases finais, tanto do Mundial como do Europeu.

Agora, com todo o respeito pelo homem a quem o País inteiro reconhece trabalho e seriedade, uma coisa é um manager e outra é um seleccionador. Paulo Bento será um trabalhador incansável mas não tem estofo de líder. Ele, que tanto fala em tranquilidade, e que tanto se esforçou por retirar a carga de ansiedade de cima dos jogadores antes da partida, acabou por ser um elefante numa loça de porcelana no fim do jogo, quando se referiu a Ricardo Carvalho e Bosingwa. A casmurrice foi completamente despropositada.

Os líderes natos também se revelam na hora das vitórias. Paulo Bento fez lembrar Cavaco Silva na noite em que foi reeleito. Tanto num caso como noutro, o que veio ao de cima foram azedumes, maus fígados, e ajustes de contas, em vez de classe, elevação e espírito patriótico.

Paulo Bento podia até estar cheio de razão.
Ao expressar-se daquele modo, perdeu-a naquele momento.
Uma coisa é a autoridade de quem disciplina, outra coisa é usar a força para espezinhar.
Ao optar pela segunda, Paulo Bento revelou-se um «capataz». É altura, portanto, da FPF agradecer ao manager os «serviços prestados». A sua missão está mais que cumprida. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Regalia geral

Oficialmente, há mais de 600 mil desempregados em Portugal. Na realidade, esse número é superior. Está marcada uma Greve Geral para o próximo dia 24, a qual, estima-se, vai contar com uma adesão enorme. Era bom que nesse dia a comunicação social também fosse ao encontro dos desempregados e lhes pedisse opinião sobre boa parte das reivindicações dos grevistas. 

Por outro lado, talvez também não fosse má ideia dar a saber à opinião pública qual o estatuto dos dirigentes sindicais, quem são, quanto auferem e se é verdade que beneficiam muitas vezes de regalias consideradas sumptuosas, em especial nos tempos que correm.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Grande Tozé!


José Seguro garante "abstenção violenta, mas construtiva" (JNotícias, 07.11.2011)

Nem nos dicionários, nos jornais em arquivo, nos diários das sessões parlamentares, nos compêndios de ciência política, ou nos registos da nossa memória tínhamos lido, visto ou ouvido a expressão "abstenção violenta mas construtiva". Espremida, é nada. Pura espuma. Rotunda inconsistência. Mas que soa bem, lá isso soa. Sound bite do cardápio de quem quer dizer tudo e o seu contrário. Habilidade e expediente para passar entre os pingos da chuva sem se molhar. 

Definitivamente, António José Seguro adopta o guião que Pedro Passos Coelho utilizou: nada de mostrar sede de «ir ao pote». Não interessa dizer nada de importante. O que importa é dizer aquilo que baste para manter a posição de líder da Oposição, à espera que o adversário caia. O resto são cantigas.

Por um lado, ainda bem... 
A inocuidade é como o Melhoral, que não faz bem nem faz mal. Portugal agradece, grande Tozé!

domingo, 6 de novembro de 2011

Os jovens turcos

É claro que o PS não podia votar contra o Orçamento de Estado.
É claro que o Governo não podia hostilizar o PS.
É claro que existem mil e uma razões para se avançar com a notícia de que o Orçamento de Estado de Portugal vai passar no Parlamento num clima de diálogo, e que até existe a possibilidade do Executivo acolher propostas do principal Partido da Oposição.

Mas a necessidade de salamaleques, poses ridículas e ternuras públicas será assim tão clara?
As «negociações» entre o Governo e o PS para o OE/2012 têm sido um teatrinho de fraca qualidade.
Quem olhar para aquela foto de Passos Coelho com António José Seguro tanto vê o Primeiro-Ministro a receber o Secretário-Geral do PS como poderia ver este a receber o líder do PSD. Não é fácil destrinçar grandes diferenças entre eles, para além de um vestir a camisola de um partido e o outro do outro.

Dobrada a III República, por caducidade, era de esperar que fosse instaurada a IV, por necessidade regeneradora. Mas não. 
Temos um interregno.

Este é o tempo dos herdeiros da geração antecessora. Aquela que achou imensa graça à partidocracia e às fileiras de recrutamento das «Jotas».
Aí estão, pois, os «jovens turcos» a dirigir o Estado, desde a mais altas instâncias do poder central até aos lugares mais remotos da administração local. 

Estão no seu direito.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Felipe Calderón - boa moeda

É verdade que perdemos poder de compra quando passamos dos escudos para o euro. Hoje, com 1 euro, que vale cerca de 200$00 não compramos o que dantes estava ao alcance de uma nota de 20.
Mas o euro não trouxe só desvantagens. No tempo dos escudos a nossa moeda valia muito pouco "lá fora".
Quem não se lembra do rombo que era comprarmos "moeda forte", pois em lado nenhum aceitavam escudos? Quem não se lembra dos "camones" chegarem cá com meia dúzia de dólares a tilintar no bolso, e de ficarmos estupefactos com o que levavam?

De volta ao escudo, as nossas dívidas triplicavam e os depósitos desvalorizavam na mesma proporção... esse não pode ser o caminho.


Vimos o Presidente do México, Felipe Calderón, fazer uma intervenção muito oportuna na corrente reunião do G20, insurgindo-se contra a deslealdade cambial que a China e outros países asiáticos estão a promover ao desvalorizarem artificialmente as suas moedas. "É um tema difícil, mas não precisamos apenas de um livre comércio, mas sim de um comércio justo", afirmou. E esta realidade está a "rebentar" com a economia dos EUA e da UE, acrescentamos.

Pode parecer demasiado idealista. Mas para que o mundo tenha «comércio justo» é preciso pôr travão às manobras cambiais, harmonizar a moeda à escala global, e seguir também essa orientação relativamente às leis do trabalho e regras de protecção no desemprego, doença, e velhice. Aí, sim, todos ficavam com "bicicletas" iguais à partida. Depois, quem melhor "pedalasse" chegaria primeiro.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Road to Cannes, 3-4 November 2011

Road to Cannes, 3-4 November 2011

Road To Nowhere
Talking Heads, music video

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Vertigem pelo abismo

Das famílias que integram o clã, uma, em especial, está afogada em dívidas. É casa onde não há pão. Todos ralham e ninguém tem razão. Os parentes, também eles aflitos, também eles a ver se se salvam, reunem e decidem perdoar-lhe 50% da dívida. O pater familias decide fazer depender o perdão à aprovação de todos os membros. É esta a história do anunciado referendo grego.

George Papandreo, mais do que um referendo, promoveu um plebiscito do seu povo ao Governo da Grécia, bem como à Zona Euro e à União Europeia. 

O resultado, será NÃO, muito provavelmente.

Um NÃO inteiramente legítimo. Quando se endossa uma decisão ao povo parte-se do princípio que é a este que cabe, efectivamente, decidir. 

Agora, uma coisa é certa:
Os gregos são donos do seu destino, mas já não têm direito a escolher pelos países do Euro e pela UE. 

Na prática, a vertigem pelo abismo, de submeter o perdão da dívida grega a referendo, já decidiu.
A Europa acabou de enlouquecer. 

RTquê?


Mesmo sem inside information, que ainda está nas mãos do Governo, pelos dados que vão sendo revelados, pela acesa disputa que vemos entre os dois canais privados de televisão e por elementar senso comum, ninguém terá dúvidas de que a RTP (mais RDP e LUSA) precisa de ser intervencionada, através da execução de um plano de reestruturação que não onere tão dispendiosamente o erário público, por um lado, e cumpra a sua missão de serviço público, por outro.

Até aqui, parece que esta posição de princípio merece consenso mais ou menos generalizado.
A questão está em saber como alcançar esses dois grandes objectivos.

Deste modo, quando se fala em «privatizar a RTP», o Governo e o País têm de saber muito bem o que isso significa. Tudo é equacionável, no plano das hipóteses:

- Acabar simplesmente com a RTP, vendendo-a?
- Privatizar um dos dois primeiros canais e extinguir o a RTP/N, mantendo a RTP/Internacional?
- Abdicar das receitas da publicidade? 

A nosso ver, acabar com a RTP está fora de causa. 
A aferir pelas receitas da publicidade, pelo tamanho do mercado e pela exiguidade da procura, vender um canal, também seria um mau negócio. O Estado encaixaria uns trocos e livrava-se de encargos, mas mais adiante seria confrontado com consequências muito nefastas, de 3 estações privadas não conseguirem sustentar-se, acabando-se, assim, por desvirtuar a ideia subjacente às concessões privadas de 1992.

O que parece, então, fazer mais sentido?

- A RTP passar a um canal apenas, virado exclusivamente para a sua função de serviço público pelo que, ou bem que se acaba com o Canal 1, ou com a RTP 2.
- Extinguir a RTP/I.
- Manter a RTP/Internacional.
- Reduzir substancialmente os gastos com os Centros dos Açores e Madeira, pois as Regiões já têm acesso em canal aberto aos canais a RTP. O serviço público, reclamado nas ilhas, não pode ser duplicado. Se as Regiões Autónomas querem continuar com as as suas televisões próprias, que as paguem.

Questão em aberto é decidir se esse tal canal único, com salvaguarda para a RTP/Internacional, deve poder financiar-se através da publicidade ou ser suportado exclusivamente pelo Orçamento do Estado. 

Agora, vir o Governo meter-se em vendas ou privatizações a escopo e martelo, isso não só custaria politicamente muito caro, como também iria decretar a inviabilidade de 3 estações de televisão privadas em Portugal. 

Quanto à hipótese mais absurda, que não passa pela cabeça de ninguém, de alienar à TVI em detrimento da SIC, ou vice-versa, isso seria o fim da picada.