quinta-feira, 11 de julho de 2013

Anteontem, ontem e hoje... isto só vídeo

 
A questão posta pelo Presidente da República não nos convoca agora para um debate jurídico-constitucional, um ensaio sobre a clarificação do sistema de governo na nossa Lei Fundamental, ou uma revisão da Constituição da República.

Essas ma...térias são prementes há muito, incontornáveis mal estejam reunidas condições para tal mas, agora, trata-se de resolver uma crise política no âmbito das normas vigentes.

A proposta aventada por Cavaco Silva exorbitou os poderes presidenciais?Não. Então, a questão é eminentemente política, no sentido mais estrito.

Que a declaração do PR, primeiro, foi muito circunstanciada, para sustentar a tese de não levar o País para eleições, isso merecerá um consenso relativamente alargado.

Que a declaração do PR, depois, surpreendeu tudo e todos, encurtando a Legislatura para menos um ano, e propondo que os partidos do «arco do poder» se entendam, para que das três principais bancadas parlamentares (2/3 dos mandatos) emane um Governo de Salvação Nacional, aí é que o caso se torna mais bicudo.

É óbvio que Cavaco Sila quis dizer que não acreditava na última solução que Passos Coelho levou a Belém. É claro que, de algum modo, passou um atestado de incompetência a Passos e a Portas, não se coibindo ainda de chamar António José Seguro à razão.

Aqui chegados, abre-se uma caixa de pandora e muito pode ser dito por muitos. Todavia, uma coisa é certa: durante meses a fio todos temos visto o PR ser criticado por «não fazer nada», como temos assistido às mais vexatórias das considerações sobre os directórios partidários.

Isto, para não falarmos do que nos últimos dias se disse das infantilidades do Executivo e da Coligação PSD/CDS, que geriram as demissões de Gaspar e Portas como se estivessem numa RGA do Liceu, e trataram o mais alto magistrado da Nação com uma ligeireza de quem não tem noção do respeito institucional devido entre órgãos de soberania.

Para além das ingerências externas que se fizeram ouvir, como se Portugal, a acrescer à tutela do Programa de Ajuda, também estivesse à mercê de uma dupla tutela, onde o PR de Portugal não passaria de um mero «delegado dos senhores da Europa».

Não sabemos, ninguém sabe, se a solução ontem apresentada por Cavaco Silva, em abstracto possível, irá resultar em concreto.

Agora, o que nos causa impressão é que quem anteontem clamava contra a "brincadeira" de Passos e Portas, hoje esteja a vociferar, em surdina ou em público, contra os «tabefes» que o PR deu aos partidos.

Mais:

É sabido que não há apoios incondicionais vitalícios, mas seria interessante vermos quem esteve na Comissão de Honra de Cavaco Silva na reeleição presidencial de 2011, e quem se acotovelava no CCB na noite da vitória... o arquivo das imagens deve estar nos jornais e nas tvs. Isto só vídeo...

Não estivemos lá e não eram propriamente cidadãos comuns que lá estavam... mas estamos em crer que o Povo, desta vez, está mais com o PR.