sábado, 19 de março de 2011

Cara ou coroa?


José Sócrates diz que o PSD estava à espera de um pretexto para provocar uma crise política e Passos Coelho diz que o Primeiro-Ministro criou um pretexto para desencadear uma crise política.

Em que ficamos?
Ambos mentem e ambos têm razão.

O PSD celebrou o acordo que permitiu aprovar o Orçamento de Estado sob reserva mental. Por um lado, foi pressionado a fazê-lo, por outro sabia que o Governo dificilmente escaparia de ter que pedir ajuda ao Fundo Europeu, sendo também certo que quis fazer passar a imagem que era um partido reponsável e que punha os interesses do País acima de tudo, esperando que, entretanto, com o passar de alguns meses melhores sondagens viessem, para "ir ao pote".

Por seu turno, o José Sócrates negociou e apresentou o pacote de medidas adicionais do PEC IV sob reserva mental. Por um lado, foi pressionado a fazê-lo, por outro sabia que Portugal estava beira de ter de pedir ajuda ao FME/FMI, sendo também certo que quis fazer passar a imagem que era um governate responsável e punha o interesse nacional acima de tudo, esperando que, entretanto, com o passar de uns dias o PSD puxasse "o tapete" e tivesse de "ir a jogo", mais cedo do que fazia conta, pondo, em última instância o impasse da governabilidade nas mãos do Presidente da República, pois nenhum  dos dois maiores partidos parece que vá obter maioria absoluta.

Se Pedro Passos Coelho "fosse homem", tinha chumbado o Orçamento de Estado, há meses, assumindo as consequências.
Se José Sócrates "fosse homem", tinha apresentado uma Moção de Confiança no Parlamento, há dias, assumindo as consequências.

Isso, sim, é que seria colocar os interesses nacionais acima de quaisquer calculismos.