quarta-feira, 23 de março de 2011

À margem das manobras


O Presidente da República, Cavaco Silva, recusa alimentar cenários de eleições antecipadas e diz que a margem que tem para resolver a crise política é muito escassa.

“Esta questão passou muito rapidamente para o plano dos partidos e da Assembleia da República, pela forma como o programa foi apresentado, pela falta de informação, pelas declarações que foram feitas nas primeiras horas ou até nos primeiros dias, tudo isso reduziu substancialmente a margem de manobra para o Presidente da República actuar preventivamente. Tudo avançou muito rapidamente”, disse aos jornalistas, esta terça-feira, no final da cerimónia do centenário da Universidade do Porto. (sublinhado nosso)

Fonte: porto24, 19:02 - 22.03.2011

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Que é grave que o Pimeiro-Ministro não tenha informado de antemão o Presidente da República sobre o PEC IV, já toda a gente sentenciou.

Agora, que o PR invoque não ter "margem de manobra", por "falta de informação", é mais grave ainda.

Será que o Presidente de Portugal não podia ter chamado o Primeiro-Ministro e o líder do maior partido da oposição a Belém, dizendo-lhes «Meus Senhores, o interesse nacional ordena que o Governo e os dois maiores partidos na Assembleia da República se entendam, aprovem o PEC, e todos estejam a uma só voz até à realização da Cimeira Europeia». Ao que Pedro Passos Coelho responderia «Em nome do interesse nacional o PSD, cumprirá o apelo de Vossa Excelência, desde que o Senhor Presidente dissolva a Assembleia da República e sejam convocadas eleições antecipadas».

Para que isso pudesse ter acontecido era preciso que o PR não tivesse sacudido a água do capote, tal o nível de compromisso e de risco político, demasiado elevado para a sua margem de manobra, que diz ser muito curta.

Depois da discussão na AR, uma vez esgotadas as soluções no quadro político-partidário do Parlamento, caso José Sócrates vá a Belém apresentar demissão do Governo e, no dia seguinte, Passos Coelho entre pela "Sala dos Embaixadores" para expressar ao PR estar pronto para "dar solução", teremos:

- O PEC IV chumbado
- Demissão do Governo
- Dissolução da Assembleia da República
- Formalização do pedido de ajuda 
- Portugal na bancarrota
- Eleições antecipadas

- Nenhum dado que permita fundamente prevêr que o resultado das eleições seja diferente daquele que ocorreria caso o PEC tivesse sido aprovado... o Senhor Presidente da República, não com curta margem de manobra, mas "à margem das manobras" - de um País tombado ao naufrágio.

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