segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Aproveitou-se a cor da gravata

Foto: Sol

Falava há dias com um amigo que integrou o «núcleo duro» de Passos Coelho na disputa partidária e agora é um defensor convicto do Primeiro-Ministro.

Sabendo-me noutro registo perguntava-me que «nota» atribuia ao PM ao fim destes 6 meses.

Numa escala de 1 a 5? Sim. Quatro, respondi.

Primeiro, teve a frescura da legitimidade eleitoral e fez coligação depressa e bem.

Segundo, o «caderno de encargos» já fora acertado com a Troika, assumindo esta Legislatura um carácter excepcional por razões de todos conhecidas.

Terceiro, durante largos meses o PS praticamente não existiu e a «rua» foi serena.

Quarto, porque tanto a comunicação social como a opinião pública «pegaram» bem em Passos Coelho, cuja imagem que passa é de alguém que afinal está a sair-se melhor do que se esperava, baixas que eram as expectativas, por um lado, e de alguém que tem chegado aos portugueses num estilo igual a si próprio, de cidadão comum, por outro.

E logo acrescentei: 

Atenção. É possível que o PM não consiga manter esta performance em 2012. 

Nas últimas semanas notou-se que derrapou, sobretudo por ter falado demais.

O maior desafio de todos é mudar o «disco» da austeridade e do déficit.

As pessoas até aqui compreenderam que o País tinha de ir «ao limite». Mas a partir de agora muito dificilmente vão aceitar manter a «corda esticada», sem que do lado dos resultados, (da esperança, do crescimento, da justiça social, das reformas sobre o Estado e medidas sobre os mais poderosos, etc.) vejam que existe uma rota bem definida. Algo que faça sentir a todos que vamos sair mesmo da «fase crítica».       

Moral da história:

É bem mais fácil relatar uma conversa informal num post que escrever a Mensagem de Natal do Primeiro-Ministro.

Vimos Passos Coelho fazer a sua comunicação.

Da primeira vez, demos conta de que trazia uma gravata verde e não conseguimos reter as palavras ou uma ideia-chave... demasiado barulho na sala, pensámos.

Tornámos a ver noutro canal, desta vez sem qualquer ruído... igual.

Por via das dúvidas, fomos ler num jornal online... o mesmo. Com uma agravante - o discurso, para além de vago, enreda-se em de tal maneira que, daquilo que percebemos sobrou a preocupação de aflorar a palavra «Esperança», mesmo a condizer com a cor da gravata.

Era bom que o PM conseguisse descansar um pouco estes dias até ao Ano Novo.

Depois da Mensagem de Natal já parte para 2012 um nível abaixo.

E no Feriado, 1º Janeiro, fala o Senhor Presidente da República.