segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Oxalá que resulte

Foto: Expresso

Nada há a obstar, antes pelo contrário, à realização de Conselhos de Ministros «informais», como aquele que decorreu ao longo de todo o dia de ontem, no Forte de São Julião da Barra. A fórmula, não sendo nova, bem pode justificar-se, por diversos motivos. Neste caso, alegadamente, em traços largos, o Governo reuniria para fazer o ponto de situação quanto às metas orçamentais a alcançar no ano que agora finda, que parece estarem asseguradas, quanto à preparação das reformas estruturais a lançar em 2012, bem como às privatizações, ao tão aguardado «plano de fomento» da economia, assim como, por certo, a análise da posição de Portugal no actual contexto da UE, em geral, e da Zona Euro, em particular.

Da reunião de Oeiras transpirou a ideia de determinação e rumo. Numa palavra, era suposto sair a mensagem que os portugueses não estão sozinhos e que o Executivo de Passos Coelho tem a governação monitorizada, de modo a ultrapassarmos as dificuldades de 2012 com uma luz de fundada esperança bem visível, que é como quem diz, «vai valer a pena, e o esforço será compensado».

Ora, depois do PM e alguns Ministros ultimamente terem dado entrevistas ou proferido declarações a torto e a direito, é espantoso que no final do Conselho de Ministros a opção tenha sido pelo silêncio, apenas com uma brecha para uma declaração de circunstância do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares que, basicamente, o que veio dizer foi que 2012 será um ano horribilis.

Das duas uma: ou era silêncio, o Governo não falava, e ponto final. Ou era para dar conta aos portugueses do que ali se passara, e faziam uma declaração com cabeça, tronco e membros.

Assim é que não! 

Anunciar que é para anunciar, lembra um pouco o pior dos Governos de António Guterres. 

O Governo acabou por falar e acabou por dizer nada. E sujeitou-se ainda a todo o tipo de especulações, ainda que a reunião tenha sido muito profícua. Não sabemos...

O que sabemos, pois está a tornar-se demasiado visível, é que o Primeiro-Ministro, para lá de saber que é preciso cumprir até à exaustão o Programa da Troika e agradar até ao tutano as directrizes da Senhora Merkel, dá impressão que pouco mais tem a acrescer, esgotando-se na missão planeada ainda antes de iniciar funções.

Por muito estranho que possa parecer, a verdade é que em Portugal temos um Chefe do Governo que não é um tecnocrata mas também não é um político, na acepção de «condutor de homens».

Oxalá que a fórmula resulte.