sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ponham-se finos!


José Sócrates:"Para pequenos países como Portugal e Espanha, pagar a dívida é uma ideia de criança. As dívidas dos Estados são por definição eternas. As dívidas gerem-se. Foi assim que eu estudei". (Fonte: Jornal de Negócios Online, 07.12.2011)

Deputado Pedro Nuno Santos:“Estou marimbando-me para os bancos alemães que nos emprestaram dinheiro nas condições em que nos emprestaram. Estou marimbando-me que nos chamem irresponsáveis. Nós temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e dos franceses. Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos a dívida” e se o fizermos “as pernas dos banqueiros alemães até tremem”. (Fonte: Jornal de Negócios Online, 15.12.2011)

Quiçá na esteira de uma interpretação literal das palavras de José Sócrates sobre a dívida, o deputado Pedro Nuno Santos, que estudou mesmo economia, teve ontem no Parlamento o seu momento alto, na sequência de um discurso em que tinha enchido o peito, Sábado passado, em Castelo de Paiva.

Não há norma na Constituição, na Lei, ou sequer no Regimento da AR, que proíba o direito à asneira. Tal como nada impede que um tribuno possa vir aclarar, reformular ou até modificar o sentido de uma declaração, explicando-se sobre aquilo que de facto queria dizer, como sucedeu, tendo o eleito acabado por emendar a «bojarda».

Por muito folclore que se faça em redor do espalhafato deste ilustre mandatário do povo português, talvez seja um «pouco excessivo» extrapolar-se daí para o plano externo, e as consequências nefastas que o calibre e os decibéis do Sr. Deputado possam causar na credibilidade do País junto dos nossos credores. 

Já no plano interno, atenta a elevação que se requeria aos líderes das bancadas parlamentares do PS e do PSD, é que sobejam motivos para um «voto de protesto».

Ver de uma banda o atordoado Carlos Zorrinho dizer que o seu colega utilizou uma linguagem "imagética muito rica, talvez excessiva" e, da outra, o solene Luís Montenegro sair-se com, "é altura de ouvir o senhor secretário-geral do PS, António José Seguro, no sentido de perceber se ele acompanha ou não a posição de um destacado deputado da sua bancada, que pertence ao núcleo duro da área económica do grupo parlamentar do PS, da direcção política do PS" é que é ridículo, para não dizer uma palhaçada.