quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Union for the States

Foto: AP

Se tivéssemos de resumir o discurso do Presidente dos Estados Unidos da América no «State of the Union», diríamos que foi um apelo à unidade dos EUA.

Obama mudou o registo. Do «yes, we can», de há quatro anos, passou agora para o «let´s do it together».

Em traços largos, deixou cair uma parte do idealismo para corporizar e dar voz à figura do americano comum. Que não pecebe como é que a secretária de Warren Buffett paga uma percentagem maior de importos que o patrão multimilionário. Que não percebe como é que em Washington os Republicanos e os Democratas não se entendem e não se juntam em matérias em que deveriam chegar a acordo e cujas contendas só prejudicam o povo. Que não percebe como é que se os militares de um e outro lado, quando vestem o uniforme e parrtem em missão são capazes de colocar as diferenças de lado e unir-se em torno de uma bandeira, como é que não é possível que os agentes da comunidade não façam o mesmo no plano interno.

E é no plano interno que está a pedra de toque de Obama. Se bem observamos, ao longo de todo o discurso perpassou uma mensagem proteccionista, que aponta para uns EUA mais à defesa na economia por via de uma certa exortação patriótica. A América percebeu que sem «fair trade» à escala global não consegue aguentar a pressão competitiva de outras potências, com a China à cabeça. A América percebeu que não está sozinha no Mundo e as palavras do Presidente para captar investimentos, criar empregos, incentivar os mais qualificados, ter mais auto-suficiência energética, discriminar positivamente as empresas americanas e incrementar a poupança pública, entre outros, são o reflexo disso mesmo.

Curioso é, pois, que não tenha referido as palavras «União Europeia» ou «euro» uma única vez, nem quando se referiu aos «amigos» dos EUA. Aos ouvidos de um europeu, parece que Obama não encara a possível queda da moeda única europeia como um problema. É mais um problema para a UE. E pode vir também a tornar-se numa forte dor de cabeça para o próprio Obama, caso seja reeleito, o que em princípio deverá acabar por acontecer, em Novembro próximo.