sábado, 24 de março de 2012

Passos Portas


Arrancou esta Sexta-feira em Lisboa o XXXIV Congresso do PSD. "Histórico", dizem os social-democratas. Na ordem de trabalhos está a revisão ao Programa do Partido, que não era mexido há 20 anos, bem como alterações aos Estatutos, para dar mais eficácia à organização e aproximá-la da «sociedade civil», com a introdução da figura do «simpatizante», por exemplo.

Vimos o discurso de abertura de Pedro Passos Coelho, qual aluno aplicado, dar conta do seu trabalho à frente do Partido e do Governo. Entendeu falar mais para a Troika que para os congressistas, daí o facto de ter resultado numa intervenção politicamente algo «chocha». É possivel que no encerramento venha com a alma mais confortada.

Mas histórico, mesmo, é o facto do «especial convidado», Paulo Portas, ter recebido o «anfitrião», Passos Coelho, em «casa» deste, com a naturalidade do «pastor» que vem »assenhoriar-se» do seu «rebanho».

Independentemente do modo e da forma, o certo é que a imagem de Portas a entrar com todas as honras naquela sala meio vazia, ainda antes do Congresso começar, assinala o início do processo de reconfiguração do centro/direita em Portugal. Neste momento, Paulo Portas está para a Coligação como um «Chairman» para a empresa, e Passos Coelho como o seu «CEO».

Tanto assim é que, findo o discurso do líder do PSD, a jornalista Anabela Neves, na recolha das reacções, começou uma pergunta a alguém dizendo qualquer coisa como «o que achou do discurso de Passos Portas?». Foi um lapso, claro, corrigido de imediato. Mas a tal imagem, que fica no subconsciente, não é lapso algum. Basta ver a 1ª Página do Expresso de hoje e somar as peças do «puzzle».

Se as freguesias, os municípios, até os países podem federar-se, por que é que os partidos não?

Esperemos que mais adiante esta questão seja ponto único da ordem de trabalhos de congressos, tanto do PSD, como do CDS/PP, como ainda de outros mais.

PS: Caso a norma da proposta estatutária seja aprovada, talvez alguém no PSD se lembre de atribuir, "cum laude", a Paulo Portas o cartão de simpatizante nº 1, por forma selar este momento "histórico".