sexta-feira, 30 de março de 2012

Plano B


Sabemos que a arte de governar é incomensuravelmente mais díficil que a prosaica facilidade de um mero «post» na blogosfera.

Sabemos que servir o Estado por vezes passa por guardar planos que devem manter-se insondáveis.

Sabemos que o Primeiro-Ministro tem-se esforçado por ser realista, assumindo com toda a força que Portugal não se desviará do caminho traçado, que os objectivos são para cumprir, e que o Acordo com a Troika é para honrar.

Também sabemos, que essa orientação, pelo menos nas suas linhas mestras, está interiorizada pela generalidade do País, merecendo a simpatia dos nossos credores e parceiros externos, bem como das organizações que Portugal integra.

Mas há uma coisa que nem nós, cidadãos, nem o Governo, nem os partidos e os parceiros sociais, nem a Troika ou a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu, ou o Fundo Monetário Internacional, há algo que ninguém sabe, por não vir em nenhum manual e estar fora do alcance das melhores previsões: 

A dimensão exacta do impacto dos efeitos psicológicos colectivos na economia.

Sabe-se apenas que é uma «bola de neve» que escapa às «margens de erro» das previsões, das revisões e da estatística, porquanto as pulsões sócio-culturais e políticas dos povos são, também elas, de prognose reservada.

Interrogamo-nos, assim, sobre se o Governo, juntamente com os demais responsáveis, não deveriam fazer a pedagogia do «Plano B», partilhando com os portugueses algo mais que o chavão actual, de que estamos inextricavelmente entregues ao destino do último dos «remédios».

Interrogamo-nos se a recusa em falar de um «Plano B» é propositada, deliberada, estratégica, e pensada, precisamente para não «precipitar» a tal «bola de neve», evitando-se, desse modo, pôr em causa a relativa «segurança» e o parcial «oxigénio» que um discurso articulado, cá dentro e lá fora, vão dando.

Até aí, embora nos interroguemos, somos capazes de entender as razões «oficiais».

O que não cabe na nossa compreensão é que não exista um «Plano B», e nos possamos deparar com um ponto sem opção, sem alternativa, sem solução e sem «remédio».

Aconteça o que acontecer, precisam os portugueses de ouvir e sentir, Portugal continuará, como Estado-nação, livre e independente, pois a nossa vocação é universal. E saberemos trilhar caminho bastante por esse mundo além: que nos dê paz, trabalho e pão. Não abdicaremos do direito a prosseguir o nosso ideal de justiça, coesão social e bem-estar comum.