sábado, 10 de março de 2012

Sócrates is back


Não há ninguém que não saiba: Cavaco Silva era cirúrgico no uso meticuloso dos tempos e dos termos de cada palavra ou gesto. Era. Foi. Até à noite da sua reeleição para o último mandato, e ao tal discurso da vitória no CCB.

Desde Janeiro do ano passado para cá passou-se ali qualquer coisa... a previsibilidade acabou. Se nos últimos tempos do primeiro mandato o «sentido de Estado» servia, como razão legítima, para cobrir silêncios que muito a muitos exasperava, as «granadas» posteriores deitaram abaixo a primeira das supostas qualidades presidenciais.       
   
Depois da mais recente «intervenção» do PR, desta vez escrita, tudo pode ser dito.
Apesar desse «tudo», é mau para o País que se use e abuse desse «direito», por ínvios caminhos outorgado.
Basta dizer que Portugal, politicamente falando, está sem Presidente. Esta bizarra «vacatura» talvez seja a metáfora maior para o desabamento da III República. 

Curiosamente, por paradoxal que pareça, a «révanche» de Cavaco Silva sobre o seu anterior Primeiro-Ministro, em vez de o «incriminar», resgata José Sócrates, que não devia esperar receber tão cedo tamanha ajuda para partir do «exílio» e voltar à cena política portuguesa. Para Belém, obviamente.