terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Para a terra e em força!

Mais uma edição dada à estampa pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. «Classe média: Ascensão e Declínio», de Elísio Estanque, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. A julgar pelo texto de Graça Barbosa Ribeiro do jornal «Público», um livro a ler, que servirá também, entre outros aspectos, para confirmar o fracasso do terceiro «D» do 25 de Abril... o que se criou, afinal, foi uma grande camada de novos proletários. Não estamos longe de 1974 - com uma classe média residual. Há uma diferença importante: aos «novos-ricos» das últimas décadas do século XX agora sucedem «novos-pobres», nas primeiras do Século XXI. 

Aqui fica um excerto da peça da jornalista:

... O peso da classe média - "que até 1974 era absolutamente residual", nota o investigador – resulta, na sua perspectiva, de vários factores conjugados. Refere-se à progressiva generalização da frequência do ensino superior que se reflectiu na proliferação das profissões liberais; e também ao crescimento do sector público, que vê como o principal canal de mobilidade ascendente para as classes trabalhadoras, graças às políticas centradas em áreas como a Educação, a Saúde, a Justiça ou a Administração Pública.

A afirmação do Estado Social e os fenómenos de litoralização do país e de concentração urbana são outros dos factores que na sua óptica "se viriam a mostrar decisivos quando, após a instabilidade dos anos 80, Portugal entrou numa espécie de euforia política e económica", acentuada pela entrada de fundos da Comunidade Europeia. (...)

Texto na íntegra aqui:

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A loja do Prof. Marcelo

Foto: TVI

No seu espaço de comentário no Jornal das 8 da TVI, este domingo o Prof. Marcelo foi particularmente incisivo. Esqueçamos agora a Renova, os livros, as respostas aos mails e as notas finais de lado. Demos por muito pertinente a análise e o convite à reflexão sobre as misérias a que os nossos idosos são votados, tal como os feedbaks que lhe chegaram de Davos sobre Portugal, e ainda a questão da entrada de capital angolano no BCP.

MRS bem avisara que os temas eram «pesados»... vai daí, quando chega ao alegado mal-estar entre Belém e S.Bento, faz uma abordagem geral eloquente, que qualquer patriota sufragará.
Depois «abre o livro». De uma penada é capaz de uma «tripla» monumental:
Defender o Presidente da República, ditar o fim do cavaquismo, sem deixar, de permeio, de «espetar um par de bandarilhas» no Governo. Mesmo ao «cair do pano» lança Carvalho da Silva na corrida presidencial, citando uma passagem do discurso do líder sindical no congresso da CGTP. 

Que será que MRS queria dizer quando disparou, mais ou menos, isto: «cavaquistas, só há um, Aníbal Cavaco Silva, os outros andaram às cavalitas do Presidente»? Ou, «os cavaquistas anónimos que desamparem a loja, o tempo deles passou»? Ou ainda, «Relvas foi um erro de casting»?

Não sabemos, ao certo.

Mas temos a forte percepção que daqui até 2016, o centro/direita português vai mesmo implodir.
Já não era sem tempo... a «paz podre» começou com Cavaco Silva. Com Cavaco Silva terminará.
Bem vistas as coisas, estes penúncios de «contendas», apesar da sua espectacularidade, são relativos.
Portugal tem problemas bem mais grados e urgentes para resolver de imediato. Isso é que é grave. 

domingo, 29 de janeiro de 2012

L'Elysée bailout


A notícia que a Chanceler alemã vai entrar na campanha eleitoral de França, ao lado do Presidente Sarkozy, cheira a «água de Vichy».

Dizíamos ontem que a União Europeia precisa de um restauro de confiança que já só pode acontecer com novos protagonistas.

As eleições presidenciais francesas de Abril próximo vão ser o primeiro grande momento de clarificação política na UE. Se Angela Merkel perder o par, quem quererá casar com a «carochinha» em 2013?

A Chanceler alemã e o Presidente francês terão percebido que têm de jogar tudo. Nada têm a perder. Só assim se entende o anúncio deste «Elysée bailout», o que também pode significar que estão perdidos.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Na neve

Com mais uma Cimeira agendada para a próxima 2ª feira, em Bruxelas, os principais líderes da União Europeia foram passar estão este fim de semana à estância de sky de Davos, onde se encontra reunido o Fórum Económico Mundial, cujas atenções deste ano estão focadas na crise do euro, com o problema da Grécia à cabeça. 

Se a UE estivesse prestes a encontrar um rumo, depois deste encontro na neve suíça, a Cimeira de Bruxelas tinha sucesso garantido. Mas enquanto os protagonistas forem estes ninguém espera nada de novo. Depois da austeridade, aquelas cabeças descobriram que também é preciso haver «crescimento». Brilhante!

É frequente dizer-se em política, por vezes cinicamente, que «a questão não são as pessoas, que o problema é político». Pois no caso da UE, o problema são mesmo as pessoas. Enquanto os principais protagonistas não mudarem, nada feito. É que já não se trata de crise financeira, crescimento económico ou capacidade política, mas sim de «confiança». Perdida a confiança, o «restauro» só se faz com caras novas.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

No risco

Novo máximo no risco de bancarrota portuguesa: 68,69%

A probabilidade de incumprimento (default) da dívida portuguesa continua a bater recordes - subiu, ao final da manhã, segundo o balanço das 12H30 da CMA DataVision, para 67,69%, e ao final da tarde disparou para 69,4%. Acabaria por fechar em 68,69%, um novo máximo em valor de fecho, no último balanço do dia daquela agência de informação financeira. Na quarta-feira fechara em 67,05%.

Portugal liderou quinta-feira as subidas no indicador de probabilidade de default em mais de oito dezenas de países monitorizados pela CMA DataVision.

Fonte: Exame/Expresso, 26 de Janeiro de 2012


Noss últimos dias, com o avolumar de notícias destas, o mal que se gera é enorme. O País sente-se ameaçado no plano externo, e internamente cria-se um sentimento de insegurança muito nefasto para os cidadãos, as empresas e o Estado.

Jamais poderemos cair na tentação do fatalismo, como se não houvesse nada a fazer, como o céu nos fosse desabar em cima da cabeça. Quaisquer que sejam os desenvolvimentos desta «crise sísmica financeira», Portugal e os portugueses continuam com vida pela frente. O nosso País é muito mais que mercados e previsões financeiras.Temos de olhar menos para o que os outros dizem de nós. Temos que pensar mais sobre o que podemos fazer por nós. E há tanto para fazer...
É imperioso preservar a paz social.
Temos de garantir a todos paz, pão e trabalho.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Buda ou Peste?


O caso da Constituição da Hungria merece atenção. Em vigor desde 01 de Janeiro, a nova lei fundamental está a gerar polémica, dentro e fora daquele país. Da parte da União Europeia, o entendimento é que as normas plasmadas no novo texto constitucional estão desconformes aos valores propugnados por Bruxelas, pelo que a pressão para fazer recuar Budapeste passa por uma espécie de «embargo financeiro».

Na verdade, se a moda húngara pega, poderemos assistir na Europa ao espraiar de uma maré nacionalista no Velho Continente, como não há memória desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Agora pergunta-se:
Como é que a UE tem legitimidade para ditar «harmonia constitucional» aos estados-membros, quando a própria UE não tem constituição alguma, e os Tratados estão a tornar-se numa autêntica «manta de retalhos», com acrescentos e remendos cada vez mais à margem de qualquer controlo legítimo dos povos e dos governos dos países que a integram?

A Hungria tem uma Constituição que nalguns pontos abre a porta ao ressurgimento do nacional-socialismo, é certo. Mas, apesar disso, há ali uma ideia para o país. A UE não só não tem constituição, como está sem ideia alguma para a Europa. 

Mais. Como explicar que em pleno coração da Europa sondagens recentes atribuam a Marine Le Pen mais de 20% das intenções de voto para as presidenciais francesas, taco a taco com Nicolas Sarkozy, precisamente uma das cabeças do par que tem vindo indicar o caminho dos 27?   

Aqui fica, em inglês, o texto da Constituição húngara: 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Union for the States

Foto: AP

Se tivéssemos de resumir o discurso do Presidente dos Estados Unidos da América no «State of the Union», diríamos que foi um apelo à unidade dos EUA.

Obama mudou o registo. Do «yes, we can», de há quatro anos, passou agora para o «let´s do it together».

Em traços largos, deixou cair uma parte do idealismo para corporizar e dar voz à figura do americano comum. Que não pecebe como é que a secretária de Warren Buffett paga uma percentagem maior de importos que o patrão multimilionário. Que não percebe como é que em Washington os Republicanos e os Democratas não se entendem e não se juntam em matérias em que deveriam chegar a acordo e cujas contendas só prejudicam o povo. Que não percebe como é que se os militares de um e outro lado, quando vestem o uniforme e parrtem em missão são capazes de colocar as diferenças de lado e unir-se em torno de uma bandeira, como é que não é possível que os agentes da comunidade não façam o mesmo no plano interno.

E é no plano interno que está a pedra de toque de Obama. Se bem observamos, ao longo de todo o discurso perpassou uma mensagem proteccionista, que aponta para uns EUA mais à defesa na economia por via de uma certa exortação patriótica. A América percebeu que sem «fair trade» à escala global não consegue aguentar a pressão competitiva de outras potências, com a China à cabeça. A América percebeu que não está sozinha no Mundo e as palavras do Presidente para captar investimentos, criar empregos, incentivar os mais qualificados, ter mais auto-suficiência energética, discriminar positivamente as empresas americanas e incrementar a poupança pública, entre outros, são o reflexo disso mesmo.

Curioso é, pois, que não tenha referido as palavras «União Europeia» ou «euro» uma única vez, nem quando se referiu aos «amigos» dos EUA. Aos ouvidos de um europeu, parece que Obama não encara a possível queda da moeda única europeia como um problema. É mais um problema para a UE. E pode vir também a tornar-se numa forte dor de cabeça para o próprio Obama, caso seja reeleito, o que em princípio deverá acabar por acontecer, em Novembro próximo.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Cada macaco no seu galho


Logo de seguida a breve comunicado do Ministério da Administração Interna, Miguel Macedo anunciou esta noite, no Pograma «Prós e Contras» da RTP1, a exoneração da Direcção Nacional da PSP, com a substituição do Superintendente-Chefe Guilherme Guedes da Silva pelo Superintendente Paulo Gomes, este, um oficial saído da Escola Superior de Polícia.

A aferir pelas primeiras reacções, o novo Director Nacional parece granjear a priori apoios bastantes, tanto no MAI como dentro da Corporação, para um bom desempenho de funções, que se esperam especialmente exigente, e que se desejam tão eficazes quanto discretas.

Nos últimos tempos vinham-se avolumando sinais de um certo mal-estar e instabilidade no topo da hierarquia da PSP, os quais exorbitavam o âmbito dos lugares próprios para a sua resolução, começando a ser inquietante e perturbador o aparecimento de determinados documentos escarrapachados nas páginas dos jornais.
O exemplo mais recente, gota que terá entornado o copo, foi a carta dos Comandantes das Distritais endereçada na Sexta-feira passada ao Ministro da Tutela.


Ninguém negará que os meios disponíveis são sempre escassos para acudir às necessidades, mas o facto é que o Orçamento de Estado para 2012 reforça a verba do MAI, e a PSP viu o seu orçamento reforçado em 7,7%, dispondo este ano de 695 milhões de euros, o que, no quadro de contenção geral, é um sinal claro do Governo relativamente à importância atribuída a este ramo das forças de segurança. 

Se alguma insatisfação manifestada podia ter alguma razão, perderam-na os Superintendentes quando deram a sensação de promover uma chantagem inaceitável ao Governo, aproveitando-se, por um lado, da fraqueza demonstrada por membros do Executivo quando vieram a público com revelações irreponsáveis e incompagináveis com o dever de especial sobriedade na matéria, como a célebre confissão do Primeiro-Ministro do receio de tumultos, p.ex., ou, por outro, a «vitória» das progressões nas carreiras alcançada pelas Forças Armadas depois «muito barulho».

Impõe-se responsabilidade, sentido de dever, lealdade e espírito de missão a todos. Quem, com culpa, se furtar a qualquer um dos princípios da «cartilha» deve ser substituído, de imediato, sem mais ais nem uis.  

Andou bem, portanto, o Ministro Miguel Macedo ao tomar a decisão anunciada.

Porém, se na substância da decisão tudo indica que foi a mais acertada, no modo merece reparo.

Não podemos censurar os dirigentes PSP por não terem escrúpulos em queixar-se na praça pública e depois vir um governante anunciar substituições num programa de televisão! Ou anunciar que acabara de anunciar, que vai dar ao mesmo. 

Mais: 
Temos muitas dúvidas sobre se Ministro da Administração Interna deve ir à televisão discutir segurança num painel alargado com os convidados de Fátima Campos Ferreira.

Paz, segurança e ordem pública, tratam-se à porta fechada, no MAI.
O Ministro não discute segurança: ouve, coordena, decide, comunica. 
O Governo governa, a Polícia actua, dando explicações quando se justifique, e os comentadores comentam. O resto é conversa.

É necessário, de uma vez por todas, a começar por esta área, pôr «cada macaco no seu galho».
Tem-se falado muito pouco nisto.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Movimentações


Coincidindo com a mais disparatada declaração, brindada com vaia monumental em Guimarães, e no dia em que se assinala o primeiro ano do segundo mandato de Cavaco Silva na Presidência da República, há um aspecto sintomático que merece ser notado:
Num ápice, a maioria dos jornalistas e comentadores perdeu qualquer pejo em criticar abertamente o Presidente, e de repente parece que deixou de haver «cavaquistas». Não vemos nenhuma voz levantar-se para sair em defesa do Prof. Cavaco Silva.

Ora, isto tem uma leitura:
«Cheira» que o poder do PR aproxima-se do fim, para mais agora precipitado pelo facto do próprio ter «deixado cair a máscara», o que lhe antecipa o epílogo político.
É o último mandato que cumpre, não podendo mais recandidatar-se. O Governo e a geração de «jovens turcos» encabeçada por Passos Coelho, onde António José Seguro também se incluí, não morre de amores pelo ex-líder do PSD, como se sabe. Aqueles que outrora foram seus delfins, colaboradores e mais próximos, na sua maioria estão bem colocados e a esta hora fazem outros cálculos. Os seus eleitores torcem o nariz...
Tudo somado, a base de apoio e os interesses que têm gravitado em torno de Cavaco Silva estão a perceber que o eixo político de Belém está em queda.

Onde estão as centenas de destacadas personalidades que integraram a Comissão de Honra do Presidente nas últimas eleições?
Onde está a comunicação social geralmente parcimoniosa com o Presidente?
Onde estão os cidadãos que viam em Cavaco Silva uma reserva moral, um referencial de estabilidade, e diziam que, apesar de tudo, o PR em funções era o que mais garantias oferecia?

Do ponto de vista humano e pessoal, não nos é difícil imaginar que o PR e a Primeira-Dama comecem a sentir-se mais sós e até mesmo injustiçados.
Costuma dizer-se em política que «Quando chega a tempestade, os amigos são como os táxis nos dias de chuva. Quando mais precisamos deles, não aparecem». 

Por saber disso, o autor destas linhas, do mesmo modo frontal com que assumiu desde 2005 a sua crítica a «Cavaco Presidente», não deixará de o respeitar. Trata-se, afinal, do Chefe do Estado e as consequências de cair em desgraça nesta altura seriam altamente lesivas para os superiores interesses nacionais.   

Em todo o caso, os dados estão lançados e há algo que parece incontornável:
As movimentações ao centro/direita para a sucessão de Cavaco Silva vão iniciar-se mais cedo, ainda antes do Presidente chegar a meio do seu último mandato. Se não é que já começaram.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Cavaco, Perón, Revolución!



O vencimento do Presidente da República é de 6523 euros.

O cidadão Cavaco Silva tem direito a receber duas reformas: uma, no valor de 1300 euros, da Caixa Geral de Aposentações. Outra, de acordo com o nível 18 da tabela, do Banco de Portugal.

Segundo o Expresso, o nível 18 da tabela do Banco de Portugal tem por base mínima 2343 euros por mês e máxima 3735 euros. Valor ao qual se pode juntar ainda complementos de reforma que podem chegar a um máximo de 4500 euros. Se o Presidente estiver no topo da tabela receberá, com o complemento, 8235 euros.

Em Janeiro de 2011 o Presidente da República abdicou do vencimento enquanto Presidente da República, optando por receber as reformas da CGA e do Banco de Portugal. Uma decisão que tomou na sequência da lei que o inibia de acumular a remuneração como Presidente da República com as reformas a que tinha direito.

Ontem, o Presidente da República, que recebe cerca de 10.000 euros por mês (reforma da CGA+BdP), veio dizer isto:

"Tudo somado, o que irei receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas porque como sabe eu também não recebo vencimento como Presidente da República".
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Senhor Presidente:
Percebe-se melhor agora que tenha falado em «situação explosiva».
Vossa Excelência acabou de detonar Portugal.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Carta ao Rui Costa: este mundo não era para ti



Caro Rui,

É da praxe. Escrevinham-se umas coisas.
És outside the box. Falta tempo e distância.
Grande, da tua altura, será a propriedade para fazer o teu elogio. Virá.
Diz-se que os escritores estão num patamar superior. E estão. 
Acima desse anel, só os poetas. Consta que têm as chaves do Olimpo. Diz-me tu.

Podes rir à vontade. Imagino.
No clube dos consagrados, onde estás, a ordem é total. Naturalmente.
Nesse exército de notáveis é preciso ter licença para falar. Calo-me.

Vamos a coisas mais prosaicas.
Por aqui, à escala, também devia ser um pouco assim.
Digo-te. Aproveito a defesa de que não precisas. Alego em nome da crítica.
Achas bem? Muito bem.

Dei uma volta pela internet. Fui espreitar blogues e jornais.
É só mesuras e encómios. Nem calculas o que te chamam:
Rui Costa, poeta; Rui Costa, promessa das letras portuguesas; Rui Costa, advogado em Lisboa e Londres; Rui Costa, isto e mais aquilo
Está demais. Porreiro, pá!

Tiveste que desaparecer para te procurarem e descobrirem.
Tiveste que te transcender para te notarem e cobrirem.
Quando batias às portas, não vi uma única linha.
Quando emigraste, não li um único comentário.

Guardo as conversas que tivemos, já tu estavas «exilado» no Rio.

Não digo? Isso é que sim.
Não venham cá com o fado que «isso é de ser assim».
Por que não tem de ser assim. Não é assim.
Pobre País onde o talento é ostracizado em vida, onde só a morte resgata!

Sabes que mais, Rui?
Para a História, ficas como poeta. Porventura estás no lugar certo.
Mas para os da tua amizade, ficas montes de outras coisas.
Não comeces a desconversar. E não digas que não com a cabeça, sff.
Foste parar a poeta porque a esperteza vale mais que a inteligência.

Definitivamente, este mundo, tão pequenino e limitado, não era para ti.

És um exemplo.
A tua vida, claro, o maior dos teus escritos.

Inclino-me perante a tua memória e interrogo-me sobre a tua razão.

Dom Caio

- Que seria do Secretário-Geral do PS se a UGT não tivesse «salvo» o Acordo de concertação social?

- Que seria do Secretário-Geral do PS se o Tribunal Constitucional não estivesse «proibido» de conceder às pretensões de fiscalização sucessiva do OE, promovida pelo arranjo entre uma facção da bancada parlamentar socialista e os deputados do BE?

- Que seria do Secretário-Geral do PS se Carlos Zorrinho não tivesse de dizer, quase todos os dias, tudo e o seu contrário, para justificar as «trapalhadas» do seu «balneário», com o sempiterno argumento que lá em casa são muito pluralistas e é sempre tudo normal?

No meio de uma «guerra» que parece a «do Solnado» Seguro lá vai conseguindo segurar-se.

O objectivo é esse: conseguir aguentar-se «à bronca».

Realmente, honrar os compromissos com a Troika, fazer de líder da Oposição, e ainda ter de conquistar as próprias «tropas», não é coisa de somenos. Só mesmo um «Dom Caio».        

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Magia

Foto: AFP

Outra vez 1-2 em casa do rival Real Madrid... o que é que esta equipa do Barcelona tem?
Um futebol soberbo, um espírito colectivo superior, uma força moral impressionante...
Sim, tem tudo isso... e tem magia.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Manda quem pode


Havia quem dizia que José Sócrates mentia com a mesma convicção de estar a falar verdade. Pois Passos Coelho falta à verdade com a mesma convicção de um boy quando está a mentir.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O País está à nora

 Diário Económico

Em Março de 2011 o slogan «o País está à rasca» calou fundo em Portugal. Em Maio à frente a Troika aterrava em Lisboa.

Este ano, com o Orçamento para 2012 em vigor, parece que ainda ninguém se entende, quanto à previsão do deficit e necessidade de eventual reforço de medidas de austeridade. Praticamente todos os dias saem notícias contraditórias nos jornais. Praticamente todos os dias o Ministro das Finanças é «fintado».

O programa de ajuda financeira implica atingir metas, repete-se. Uns dias há «folga», outros há «buraco».
Às 2ªs, 3ªs e 4ªs, não são precisas mais receitas. Às 5ªs, 6ºs e Sábados, as revisões das previsões sobre a queda do PIB obrigam a rever a cobrança. Aos Domingos de manhã, «2012 é um obstáculo que vai ser ultrapassado». À tarde, é preciso um «orçamento rectificativo».
Os prognósticos da receita e da despesa ficam para o «fim do jogo».

Este ano, em Janeiro já há slogan para 2012. O País está à nora! 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Registem os interesses


Ainda no calor da «bronca» sobre os obscuros ajuntamentos entre espiões, políticos e empresários na Loja Mozart, criou-se uma corrente a defender a necessidade de uma lei que obrigue os maçons que estejam no exercício de cargos políticos a declararem tal condição nos respectivos registos (públicos) de interesses. 

Para reforço dessa posição, que conta com várias figuras destacadas, veio a Ministra da Justiça corroborar a tese, advogando a necessidade da medida. É uma discussão teórica interessante, e as razões aduzidas por Paula Teixeira da Cruz são defensáveis. A pedra de toque, diz, reside no facto de um titular de um cargo político não poder comprometer-se com duas obediências conflituantes, quando uma delas, menor, se sobrepõe à superior exigência de defesa da legalidade democrática e do Estado de Direito. Faz sentido.

Acontece, todavia, que o que a maçonaria diz é que também pugna por esses postulados e valores, acrescentando que os seus membros não estão obrigados a guardar sigilo por pertencerem à organização, antes resultando tal praxis dos tempos em que vivia na clandestinidade e os irmãos sentiam-se perseguidos.

Ora, parece-me que legislar no sentido de obrigar um maçon (e porque não um membro do opus dei, dos rotários, ou de uma confraria qualquer?) que ocupa um cargo público a declarar tal condição, num registo de interesses, será não só ineficaz como desprovido de sentido.

Para já, sobretudo por três motivos:

1. O registo obrigatório de interesses dos titulares de cargos públicos que temos é o da Lei nº 4/83, de 02 de Abril, que já vai na 6ª versão, da Lei nº 38/2010, de 02 de Setembro (a «famosa» Lei do controlo da riqueza dos titulares de cargos políticos). Nos termos do nº 3 existem sanções para o seu incumprimento, que podem ir desde a punição pelo crime de falsas declarações até à perda do mandato. 

Pergunta-se: quantos titulares já foram punidos por falsas declarações e quantos já perderam o mandato?
As declarações são públicas, qualquer cidadão pode ir ao Tribunal Constitucional consultá-las... os senhores jornalistas que vão lá ver, como eu já fui, e depois falamos... com uma ineficácia da aplicação da Lei tão descomunal relativamente ao controlo dos rendimentos, havia de ser «bonito» garantir uma eficácia, agora alargada ao controlo quanto às instituções a que cada um pertence.

2. Por outro lado, uma Lei feita a pensar na maçonaria acaria por ser um «convite» a um regresso sos tempos da clandestinidade, pelo que o mais certo seria selar-se um «pacto de silêncio» entre os membros, muitos dos quais simplesmente omitiriam tal declaração. Como controlar? Polícia política? E a questão da igualdade face a outras instituições ou credos? Será possível o legislador prevêr todas as situações em que o titular do cargo político pode, eventualmente, incorrer em obediências conflituantes?

3. Por último, sem entrarmos em demagogias, talvez não seja descabido pensarmos no exemplo da «Lei Seca», nos EUA, nos anos 20 do Século XX, quando a venda de álcool foi proibida. Era proibido vender, mas foi impossível proibir beber. E nunca se vendeu tanto, nem houve tantos gangsters a lucrar à custa do negócio...

A questão não passará, pois, tanto pela obrigatoriedade da declaração, que acarretaria mais problemas que soluções. Mas sim pela eficácia da acção penal do Estado, nos casos em que existam fortes indícios da existência de ilícitos criminais. Aí sim, a Procuradoria-Geral da República, e a própria Assembleia da República, só têm de exercer os poderes que lhes estão atribuídos de modo mais efectivo, coisa que todos reclamam, num controlo que, todavia, constitucionalmente, jamais pode ser feito a montante e em abastracto, em observância do princípio - nulla poena sine crimine. 

Por outro lado, levantada que está a celeuma, deixar ao critério dos candidatos e/ou titulares de cargos políticos a divulgação daquilo consideram relevante para o mais impoluto desempenho de funções ao serviço do Estado e do interesse público, será a melhor forma de sujeitar cada qual ao seu exercício de aptidão cívica, cujo melhor cominação é política. Do domínio da relação entre a ética do eleito e o juízo do eleitor.

E isso só pode ser reprovado ou aceite caso a caso. Depende.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Quem não tem padrinhos não se baptiza


O líder do PS veio insurgir-se contra os nomes indicados para o conselho geral e de supervisão da EDP, reclamando sobre o facto dos comtemplados pertencerem ou estarem ligados aos partidos do Governo, repudiando a promiscuidade entre os negócios e a política, relembrando ainda que Pedro Passos Coelho garantira antes de chegar a Primeiro-Ministro que isso não aconteceria.

À primeira vista, parece tudo bem. Mas independentemente da autenticidade da posição de António José Seguro, o certo é que isso não passa de uma miragem.

Na verdade, a ideia que grassa nos partidos, em especial nos do «bloco central», é que quando se conquista um pedaço de poder, seja lá de que modo fôr, os lugares a distribuir são «coutada» deste ou daquele «clã». Isso começa nas autarquias locais, passa pelas adminstrações regionais, atravessa toda a administração central e propaga-se até à administração indirecta do Estado, ao subsector público empresarial, às embaixadas, aos postos consulares, até às agências externas.
Isto, para não falarmos do modo como são eleitos os titulares dos cargos eleitos, onde, como toda a gente sabe, são os directórios dos aparelhos a indicar os nomes e os chefes a ratificá-los, aqui sim, com influências mais ou menos veladas de organizações terceiras mais ou menos discretas.

Depois, na realidade, o que se passa é isto: 

Tomado o poder, divide-se «o bolo» em fatias. Alimentam-se os «salteadores». É costume reservar alguns despojos para os derrotados, pois o sistema é rotativista e, amanhã ,eles usarão da mesma generosidade. Não interessa deixá-los completamente «à míngua». É um «pacto de sobrevivência», tratado nas tais «organizações subterâneas», paralelas ao Estado, onde funciona a lógica da troca de favores, camaradagens e poderes fácticos, à margem dos critérios propagandeados em público. 

É por isso que quando ouvimos falar em mérito, isenção, independência ou «interesse público» bastas vezes, isso não passa de conversa «para inglês ver». O exemplo dos concursos públicos para os cargos de chefia na administração pública é flagrante. Acontece que, como ora governa o PS ora governa o PSD, cada um dos partidos vai «metendo os seus» quando está no poder. De cada vez que muda a cor do executivo é então frequente ouvir-se dizer nos Ministérios, «os serviços estão minados». Vai daí, instalada a desconfiança nos serviços, toca a contratar «consultores» para fazerem, em duplicado, tarefas para as quais já estão afectos recursos. Consultores, esses, que por sua vez vão alternando, conforme as ligações que têm. Os casos das sociedades de advogados são flagrantes.

Temos, pois, formalmente, um sistema de administração pública à francesa, e de facto, uma prática «à siciliana».

Talvez fosse preferível assumir-se o «nepotismo». Cai o titular, cai toda a cadeia hierárquica. É eleito novo titular, é nomeada toda a estrutura que dele depende. Os cargos passavam, todos, a ser exercidos em função de um «critério-mor»: o da confiança, logo, todos tinham de ser nomeados.

É claro que existiriam excepções. Casos de pessoas que seriam reconduzidas, não obstante a mudança do titular do cargo. Uns, porque são sempre leais ao «senhor que está no lugar». Outros, porque têm a extraordinária capacidade de «mudar de credo para não mudar de regalias». Outros ainda, porque ou ficam ou levam «os segredos da arca» consigo.

PS e PSD lembram-se de clamar por mais meritocracia de cada vez que estão na oposição. Do que não se lembram, quando estão no governo, é que são os principais responsáveis pelo enterro da democracia em Portugal. Ou, pior: talvez por terem a percepção disso, sabendo que já não há muito para «saquear», pensarão que o melhor é aproveitar para «tratar da vidinha».

PS: não consideramos que os nomes que vieram a público para a EDP sejam de pessoas sem estatura para as tarefas em que vão ser incumbidas. Em grande parte dos casos o problema não está nas figuras de «proa». Quem quiser ver a «massa» de que são feitas as escolhas, que desça um ou dois degraus, e saiba quem são os «colaboradores». A «prova dos 9» faz-se aí.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Portugal não é para portugueses



Miguel Relvas voltou a defender que a juventude portuguesa tem na emigração um melhor futuro.

O ministro dos Assuntos Parlamentares diz que encontrou em Moçambique muitos jovens que para lá emigraram e que este é um bom exemplo do que deve ser uma nova geração da mobilidade.

«Demos-lhe formação, mas não lhe damos o que precisam para um emprego. Não lhes damos oportunidade de serem úteis à sociedade. Essa mesma juventude, bem preparada, é uma juventude da mobilidade», disse. (...)

Fonte: TVI24, 07.01.2012
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As «Janeiras» de ontem, Dia de Reis, tornaram a inspirar o Governo para a gesta da diáspora. 

O super Ministro-Adjunto voltou hoje a insistir, em tom de apelo, na ideia da emigração como solução. 

Começamo-nos a interrogar se não terá razão... Portugal não é para portugueses, está visto.

Bull sheet


Fernando Nobre entrou para a maçonaria "depois dos 50 anos", a seguir à eleição de António Arnaut como grão-mestre, mas admite "estar adormecido". Numa entrevista à SIC Notícias, o presidente da AMI e ex-candidato presidencial garantiu não ir "à grande Loja do Oriente Lusitano há mais de dois anos". Tudo porque entendeu que "quando entrei nos meus combates políticos, não fazia sentido".

Fernando Nobre defendeu ainda que, tal como afirmou Arnaut, os membros das lojas maçónicas devem assumir-se como tal.

Fonte: DN, 06.01.2012

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Este nosso compatriota não tinha o dever de ter acordado há dois anos, quando lançou a sua candidatura à Presidência da República, em Fevereiro de 2010, mais precisamente no dia em que foi ao auditório do Padrão dos Descobrimentos proferir um discurso inflamado, todo ele assente na pátria, na ética e nas virtudes públicas?

Quantos eleitores enganou com tal omissão, especialmente em certos sectores ligados à Igreja Católica?

Acordou agora, quando viu algumas «pedras do templo» a ruir? 

Na América, ao itinerário político de Fernando Nobre chama-se bull sheet

Que parta para a greve




O presidente da Associação Sindical dos Juízes (ASJP) considerou hoje "inconcebível" que Parlamento, Governo e Presidente da República se tenham "esquecido" que existe uma Constituição, ao não pedirem a fiscalização preventiva da constitucionalidade da lei do orçamento.


António Martins falava aos jornalistas no final de uma audiência com o Procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro, com o objetivo de apresentar as "reservas, dúvidas e argumentos" da ASJP no sentido de que a Lei do Orçamento do Estado, já em vigor, é inconstitucional e ilegal.


Tendo o PGR poderes para suscitar a apreciação da constitucionalidade do Orçamento junto do Tribunal de Contas, a ASJP alertou Pinto Monteiro para o facto de aquela lei "violar vários princípios constitucionais", incluindo o princípio da igualdade, da equidade fiscal e da proporcionalidade, ao prever o corte de salários e subsídios na função pública. (...)

(Fonte: Expresso, Sexta feira, 6 de janeiro de 2012)


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Voando sobre um ninho de vespas


Miguel Sousa Tavares resumiu bem a coisa 4ª feira passada, no Jornal da Noite da SIC.

Para quem não viu, aqui fica o link:

Começa agora a discussão sobre a possibilidade de ser criada legislação que obrigue os titulares dos cargos públicos a incluir nas suas «declaração de interesses» se pertencem a organizações secretas e quais. Que parvoíce! Então, bastaria que o deputado X ou Y, por exemplo, informasse pertencer à maçonaria para que tudo ficasse sanado? Francamente! Mais sentido faria abrir a discussão sobre o «lobbying» em Portugal. Toda a gente sabe que é praticado «na clandestinidade», confundindo-se com tráfico de influências, e que certas organizações dão-lhe abrigo.

O problema não está na declaração, como é óbvio. Isso é matéria que deve ficar ao critério individual de cada um. O problema radica no cerne das próprias organizações e, no caso das lojas maçónicas, da sua compatibilidade com a legalidade democrática, pervertida e desactualizada que estão relativamente aos leitmotifs do passado. Para Vasco Gonçalves vir falar em «gangs», imagina-se o que por ali não vai... 

A podridão do sistema é mais grave do que a crise e as medidas impostas pela Troika.

Em quem é que havemos de acreditar???
Nos partidos? No Parlamento? Nos juízes? Nos media? Nas polícias? Nos sindicatos? Na Igreja?...
O terreno está fértil para que novos sidonismos germinem, isto, só para não irmos um pouco mais à frente nas páginas da História, que também vai e volta, tal como a moda.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Os Almeidas da III República

No Parlamento, a propósito da polémica sobre o Grupo Jerónimo Martins, sai-se o veterano deputado João Almeida (nascido em 1976, é deputado desde 2002. Vai na IV Legislatura consecutiva) com esta: 

"Se é legítimo a um empresário fazer essa opção - ainda que possa ser criticável - também os consumidores podem retirar consequências dessa opção e adaptar o seu comportamento. Qualquer consumidor, perante esta opção do empresário, pode adaptar o seu perfil de consumo".

Mas que esperteza!

É mais ou menos como dizer, «se é legítimo a um deputado fazer uma declaração dessas, ainda que possa ser criticável, também os cidadãos podem retirar consequências da esperteza saloia e adaptar o seu comportamento. Qualquer eleitor, perante a cínica vacuidade dos deputados, pode mudar o seu sentido de voto».

Poderá mesmo?
É claro que não.
Se não fôr este, será outro «Almeida», parecido.
Talvez um «D´Almeida». 

Percebeu agora qual a diferença, Senhor Deputado? 

Pensando bem, há uma grande diferença.
Num caso é irrelevante.
No outro, da mercearia, estamos a falar de bens de primeira necessidade. 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Se...

Se os partidos tivessem a noção de que são organizações instrumentais ao serviço de um ideário político, e que existem para servir o Estado de Direito Democrático;

Se os deputados tivessem a consciência que falta aos partidos, e soubessem que são membros de um órgão de soberania;

Se os eleitores quisessem saber dos seus mandatários para alguma coisa, e não achassem que os eleitos apenas o são formalmente, porquanto «os chefes das tribos», de facto, é que os escolhem;

Se a nossa vida democrática não estivesse «de pantanas»;

Das duas uma: ou bem que o líder do Grupo Parlamentar do PSD já tinha «arrasado» o Expresso, em especial Ricardo Costa, sobretudo depois deste ter dito o que disse no Jornal das 10 da SIC/N de ontem, ou bem que a esta hora Luís Montenegro já se tinha demitido.  

Por ser maçon? Não.

Por ter cometido dois «perjúrios»: um, para com a própria Assembleia da República, quando deu uma conferência de imprensa onde não assumiu pertencer à loja Mozart. O outro, para com a própria maçonaria, quando, na mesma conferência de imprensa, acabou por enjeitar tal condição de modo tão desajeitado.