sexta-feira, 14 de maio de 2010

Estás desculpado!



A memória é curta.
Há semanas, Pedro Passos Coelho era contra a posição adoptada pelo PSD na votação do Orçamento.
Depois, antes de ser eleito, chegou a esticar a corda, não afastando uma eventual moção de censura ao Executivo.
Dias volvidos, já eleito, recuava mas sempre foi dizendo que PEC sem contrapartidas nem pensar.
As folhas do calendário pouco andaram e eis que tivemos Passos Coelho a tomar a iniciativa de telefonar ao Primeiro-Ministro para conjugarem esforços e cerrar posições relativamente ao ataque dos mercados.
Novo dia, e era ver PPC ufano a proclamar aos seus correligionários que o PM lhe telefonara, revelando a conversa.
Agora, chegado o Conselho de Ministros de aprovação das medidas excepcionais de contenção, ditadas por Bruxelas, PPC de novo; desta vez para vir "pedir desculpa" aos portugueses, por ter dado o seu acordo ao pacote fiscal que aí vem...
Se não fosse demasiado grave, se não fosse Portugal e a União Europeia que estivessem em causa, os passos de PPC eram de rir à gargalhada, de ridículo. Como é que figuras gradas do PS não lhe hão-de tecer os mais rasgados elogios?...
Das duas uma:
Ou PPC faz o que tem a fazer e cala-se.
Ou PPC faz o que achava que ia fazer e actua como um homem.
Andar a dançar o twist, como tem feito é que não!
Como PPC está entre "a espada e a parede", pois debaixo de todas as turbulências não resta margem para um período de instabilidade política, sob pena do País se esvair, era bom que deixasse de brincar às juventudes partidárias e começasse a actuar como um estadista, que sabe o que quer.
Atrapalhou-se com as idas a São Bento, os telefonemas do PM, e apelos velados de Belém e Bruxelas, e veio pedir desculpa por não imaginar que era assim que a alta política funcionava? Foi só isso?
Se foi só isso... e se a intenção era boa... está perdoado!