sábado, 29 de maio de 2010

A marcha irreversível








Vamos aos factos:

Depois da entrevista à SIC/Notícias - que mereceu o post anterior - desta vez ao Jornal i, Pedro Santana Lopes veio concretizar a sua posição quanto à questão presidencial, ali mais que indiciada, dizendo agora, "com todas as letras", o que pensa sobre a recandidatura de Cavaco Silva. Entre tantas personalidades de centro/direita que estão exercício de funções ou quase todos os dias vão à televisão, PSL, fora do activo, "soldado na reserva", foi o primeiro e único a  «Saber estar e romper a tempo, correr os riscos da adesão e da renúncia, pôr a sinceridade das posições acima dos interesses pessoais, a política que vale a pena ».

De seguida, noutra esfera, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, em nome da Igreja e interpretanto a desilusão dos católicos com o Presidente da República, levantou a voz e disse o que tinha a dizer.

Entretanto, diversos órgãos de comunicação social começam a veicular informações e análises diversas sobre o assunto, chegando a interpelar directamente os próprios, ou figuras próximas dos alegados nomes alternativos a Cavaco Silva, sendo que, note-se, se é certo que nenhum manifestou estar pronto para o combate, também nenhum deles escondeu descontentamento com o PR.

Hoje, a CGTP realizou um dos maiores protestos de que há memória. O Presidente da República não foi mais poupado nas críticas que o Governo. Os manifestantes, pela boca de Carvalho da Silva, atacaram o PR, como nunca o tinham feito até aqui.

Conclusão:

Bem pode falar-se das dificuldades que José Sócrates e o PS estão a ter com a candidatura de Manuel Alegre. O Centro/Direita tem um problema maior. Tem mais a perder. De todos os lados chove grosso sobre Belém. O PR está a ficar alagado. Não é Aníbal Cavaco Silva que está em causa. É a figura máxima de um Estado em definhamento, cujo mais alto magistrado parecia ter a reeleição garantida à partida... vai-se a ver e não tem.

O cálculo do processo de substituição do actual Governo fez despoletar outro, paralelo - o da substituição do próprio Presidente.

É irreversível.