terça-feira, 2 de março de 2010

Debate PSD - sobe sobe, balão sobe

Ana Lourenço, de quem gosto, vai moderar o debate entre Pedro Passos Coelho e Paulo Rangel. À medida que se aproxima o Congresso os candidatos vão encher o peito, como balões de ar quente, a ver quem sobe mais.

É de prever que com o aumentar da parada os tiros para o Conclave (este, sem chave) não andem muito longe disto: "Caros amigos e companheiros, Portugal não pode esperar mais, o momento é grave, o País clama pelo nosso patriotismo, etc. Quero dizer-vos que, com a ajuda de todos, estou preparado para disputar eleições e pronto a assumir o Governo de Portugal!"

Pedro Passos Coelho, embora disfarçando por conter a avidez, já ensaiou este discurso na Renascença.
Paulo Rangel, embora mais blasé nas ambições, há dias dizia não sentir apetite, todavia não vai chegar a precisar de tomar óleo de fígado de bacalhau, pois a osmose com as hostes famintas vai encarregar-se de o destravar.
Aguiar Branco, embora mais ao estilo nem carne nem peixe, cuidando sempre de recatos e predicados, avança, seguro de si, para a Comissão de Inquérito, onde receberá a prestimosa ajuda do Intendente Francisco Louçã.

Quer dizer. Anteontem, era preciso que o Primeiro-Ministro desse explicações. A possibilidade de constituição de uma Comissão de Inquérito não se colocava, e eleições antecipadas nem pensar - uma tremenda irresponsabilidade. Orçamento e PEC assim o determinavam, em nome do superior interesse nacional.
Ontem, com o sopro de uma sondagem menos má, mais bases ululantes, mais a adição à augusta Comissão de Ética e a possibilidade de, desta feita, fazer potestativa história, chamando o PM à pedra, a coisa passou a afigurar-se plausível.
Hoje, com o processo em curso e as claques a caminho do coliseu em delírio, a possibilidade de eleições já é um cenário que deverá ser seriamente ponderado.

Mas que grande sentido de oportunidade política!
Mas que enorme sentido de Estado!

E depois ainda torcem o nariz a quem é mais espontâneo, intuitivo, frontal ou destemido, como, p.ex., Alberto João Jardim que disse logo, no dia do Conselho Nacional, o que estes três Senhores mais carradas de conselheiros levaram semanas a descobrir. Desta maneira, um deles Primeiro-Ministro em época de fogos, quando der pelo fumo o Verão já passou.  

Sem desprimor para a Ana Lourenço, a SIC, parceira da Globo, devia mas era chamar a Marília Gabriela. Tirava-lhes as máscaras em dois minutos. Com a graça de quem rebenta balões e ainda faz disparar audiências.