quarta-feira, 3 de março de 2010

Pedro Passos Coelho 1 - Paulo Rangel 0

Pedro Passos Coelho ganhou o debate a Paulo Rangel. As expectativas postas em Rangel estavam demasiado altas. Toda a gente invoca a vitória que obteve nas Europeias mas toda a gente esquece que nessas eleições PR ganhou contra um adversário muitíssimo fraco, eleitoralmente da 2ª Divisão. PPC é um profissional da política, um Jota, produto das escolas de carreira, ao invés de PR, que é mais académico. PR funciona por rasgos. Esta noite, não levava o trabalho de casa feito, para além de ter estado em estúdio sem inspiração e algo nervoso.

PPC, que se apresentou mais confiante, tira melhor partido da imagem e usou muito a táctica. Soube começar por encostar PR às cordas, recorrendo a subtilezas que o telespectador absorve sem dar conta:

- Tomou a iniciativa de perguntar a Rangel se podiam tratar-se por tu, deixando os Sôtores de parte, uma maneira velada e hábil de meter logo os títulos de Rangel no bolso;
- Raramente invocou nome do adversário, e nas raras vezes em que o fez, referiu-se a Rangel como, "o Paulo" (enquanto que PR, ao invés, nem uma vez disse "tu, Pedro" mas sempre "o Pedro Passos Coelho") em tom de quem fala de sénior para júnior. Aprendeu essa lição nas eleições que disputou com Ferreira Leite e Santana Lopes, mais velhos e com currículos incomparáveis;
- Colou Rangel à derrota de Ferreira Leite e conseguiu deturpar o sentido do slogan «Ruptura», como quem diz à massa dos militantes, "Com este senhor lá, o nosso projecto não será de todos mas exclusivo de um grupinho de intelectuais";
- Foi espetando alfinetadas aqui e ali, do género, "não preciso de ler, estava lá", ou "tenho 30 anos de militância", etc., de modo a obrigar Rangel a ter, sistematicamente, de perder o tempo com reparos e auto-justificações;
- Matou no fim, quando disse a Rangel que este não vai ter de suspender o mandato no Parlamento Europeu, e depois, ainda «no ar» continuou a falar-lhe de cima para baixo.

Quanto ao essencial, não se tendo descortinado grandes divergências de fundo relativamente às questões económicas, a principal nota política que ressalta do debate, teve-a Pedro Passos Coelho. Tal como prevíamos, prepara-se para chegar ao Congresso e dizer que está pronto para eleições e preparado para Governar. Se a forma e o estilo não lhe tivessem bastado, essa mensagem teria valido a vitória. Ou não fosse aquilo que o PSD mais quer ouvir - poder voltar a sentir cheiro a Poder. É esse ópio que faz a diferença. Paulo Rangel, apesar das imensas capacidades que se lhe reconhecem, por até agora ter sido levado sempre num andor, parece que ainda não aprendeu isso.

Agora, os debates televisivos são o primeiro round. Os pesos-pesados só entram em ringue no Congresso. E os candidatos vão ter de confrontar-se com eles... a doer.

1 comentário:

JAJ disse...

Será curioso ver o que fazem os "pesos pesados" Marcelo, Santana, Rui Rio e Jardim no congresso, ainda para mais se estiver iminente a vitória de Pedro Passos Coelho.