sexta-feira, 12 de março de 2010

Ética do Regimento


Gostava que alguém me explicasse por que razão hão-de prosseguir as audições promovidas pela Comissão de Ética da Assembleia da República (no caso, sobre o negócio gorado PT/TVI) a partir do momento em que um ou mais Grupos Parlamentares conclui haver colhido ali matéria bastante para a constituição de uma Comissão de Inquérito, isto, quando nesta nova sede as audições promovidas repete o rol dos depoentes, sem embargo de lhe acrescentar novas convocatórias, que eventualmente sejam pertinentes para melhor concluir.

Falta-me técnica sobre o regimento, reconheço, e talvez perceba pouco de política, admito. Mas creio ser dilatório quando não ocioso que o Parlamento faça tábua rasa do princípio da economia processual e parece-me evidente que deixar arrastar o desfile de personalidades na Comissão de Ética é enlamear sem causa a vida pública, é prejudicar o nome dos visados pela Comissão de Inquérito e é escarafunchar em duplicado aquilo que deve ser apurado e "julgado" por inteiro.

A não ser, como frequentemente parece, que alguns dos titulares dos mandatos conferidos pelo povo português esqueçam que têm assento num órgão de soberania e não numa casa de espectáculos com bilhete para assistir de camarote às actuações de variedades dos "notáveis" da nossa praça, com que banqueteiam a voragem própria do deslumbramento que lhes revela a pequenez.