quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Para que conste - PSD

Carta «derradeira», enviada ao Presidente do Partido Social Democrata (excertos)

(...) Por um lado, será fatal que o PPD/PSD guine mais ao centro, mais à esquerda, entrando em “terreno” que está ocupado pelo Eng. José Sócrates, cujo socialismo é hoje uma panaceia que alberga desde antigos socialistas, republicanos e laicos, a independentes, dependentes, cristãos progressistas e até social-democratas.
O PPD/PSD, ao entrar por aí, corre seriamente o risco de se tornar no verso ou no reverso da medalha “socialista/adocicada” que é neste momento maioritária em Portugal. Ao enveredar por esse caminho, os nossos concidadãos terão cada vez mais dificuldade em destrinçar o PSD do PS...
(...) basta ouvir a opinião pública e tomar verdadeira consciência da crise de regime que atravessamos...

(...) A militância é hoje “um verbo de encher” e está pejada de autênticos feudos e coutadas, cujos “capatazes”, nalguns casos “acéfalos”, mais não são do que traficantes de votos e representam “peso no aparelho”, a troco de um prato de lentilhas...

(...) Não será tempo de se exigir uma clarificação quanto ao semi-presidencialismo v. parlamentarismo mitigado?
Sabemos que o Poder Constituinte encontrou a fórmula presente, por reacção ao Estado Novo, temendo uma concentração de poderes excessiva num só Órgão de Soberania. Mas a nossa praxis político-constitucional tem-no comprovado – deixar a estabilidade do Governo, suportado por uma maioria parlamentar, ao critério mais ou menos arbitrário do Presidente da República é uma situação demasiado híbrida e ambígua. Que pode gerar um clima de conflito institucional de contornos imprevisíveis e mergulhar o País numa crise de instabilidade que poderá mesmo vir a colocar a Autoridade do Estado em causa (...)

Lisboa, 29 de Julho de 2005