quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um discurso bonito

Paulo Rangel fez um "bom" discurso.
Forte. Com timbre. À moda antiga. Patriótico. Solitário, do género, "quem acreditar em mim que me siga".

Virado para fora? Sim...
E o resto? Falta o resto. Regionalização, combate à corrupção, pactos de regime, déficit, redução da despesa, (des)emprego, produtividade, carga fiscal, redistribuição dos recursos, estabilidade governativa, parceiros preferenciais, moção de censura, questões fracturantes, presidenciais, reforma do sistema político, lusofonia, mar, etc.

Não basta propôr "romper" - por contraposição ao "mudar", de Pedro Passos Coelho.
Não basta evocar o Fundador - não há nenhum português que queira que Portugal seja "isto".
Não basta proclamar o direito à "esperança" - já todos o reclamam.

É preciso dizer claramente o que é que quer romper, é preciso apontar desígnios estratégicos, para que Portugal não seja "isto".
É preciso saber como dar pão aos portugueses, para que a "esperança" seja fundada.
É preciso que Paulo Rangel diga convincentemente que se sente motivado para governar Portugal e que tem um punhado de ideias para o País.

Paulo Rangel terá de estar em condições de agarrar a oportunidade, mais do que não desperdiçar uma oportunidade.

Tem capacidade para conseguir isso? Tem.
Mas, primeiro, vai ter que apanhar outros ares,  para além das luzes académicas, das correntes de Bruxelas, ou dos ventos que lhe sopram da Foz.